São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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Editoriais

O negócio é a lentidão

AINDA PIOR DO QUE não dispor de estruturas adequadas é pouco ou nada fazer para mudar tal estado de coisas. E esse, infelizmente, é o caso do Brasil no que diz respeito ao ambiente de negócios.
O Banco Mundial (Bird) acaba de divulgar a versão 2008 de seu já clássico relatório "Doing Business", no qual faz o ranking dos países que oferecem melhores condições para empresários. Pela quinta vez consecutiva, o Brasil faz péssima figura. Ficou em 122º lugar entre as 178 nações avaliadas. Está atrás de economias bem menores, como Uganda, Bangladesh e Nepal, ou conflagradas, como a dos territórios palestinos. Na América Latina, só se sai melhor que Equador, Bolívia, Venezuela e Haiti.
O ranking leva em consideração itens burocráticos, jurídicos e econômicos, como facilidade para abrir e fechar um negócio, contratar mão-de-obra, obter crédito, grau de proteção legal a investidores, carga tributária.
De um modo geral, o Brasil se sai mal nas três esferas, em especial a burocrática e a tributária. Por aqui, uma empresa leva 2.600 horas por ano -108 dias- para pagar seus impostos e preencher a papelada. É o pior resultado do mundo. Em Cingapura, primeiro lugar no ranking, terceira posição no quesito taxas, são apenas 49 horas.
O que preocupa é a relativa estagnação do Brasil. Desde a primeira edição do ranking, em 2003, o país não mudou de patamar. Não dá para dizer que o Brasil não tenha feito nada. O problema é que outros países fizeram muito mais. E empresários, na hora de decidir investimentos, tendem a dar importância não apenas à situação presente mas também à perspectiva de melhora. Nesse quesito, o Brasil e a América Latina estão ficando para trás de outras regiões do planeta, onde reformas de estímulo aos negócios estão ocorrendo, e depressa.

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