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Oligarquias, novas e velhas
A
DERROTA da senadora Roseana Sarney (PFL) para o
pedetista Jackson Lago no
Maranhão foi o resultado mais
surpreendente deste segundo
turno nas eleições para governos
estaduais. A surpresa não se deu
propriamente pelo que diziam as
pesquisas na véspera (já se apontava empate técnico), mas pelo
processo de deterioração da vantagem da ex-governadora desde
a votação de 1º de outubro.
É simbólico o significado do
malogro eleitoral do grupo do ex-presidente José Sarney no Estado em que, durante décadas, dominou a política local. O resultado vem associar-se à derrota da
corrente liderada pelo senador
Antonio Carlos Magalhães, esta
já no primeiro turno, na Bahia.
O enfraquecimento das chamadas oligarquias regionais decorre da modernização política;
é saudável, numa democracia,
que a alternância no poder desça
dos postulados teóricos para a
prática e se torne uma realidade
de dimensão nacional.
É precipitado, no entanto, afirmar que resultados eleitorais
pontuais representam uma espécie de emancipação política do
Brasil. A ressalva não vale apenas
porque existe a hipótese, plausível, de as forças tradicionais se
reorganizarem e voltarem a tornar-se hegemônicas em suas regiões. Contra esse argumento, há
uma resposta convincente: o fato
de os grupos tradicionais terem
de se rearticular e buscar novos
métodos de conquistar o poder é
um meio de eles próprios se modernizarem, o que é positivo.
O maior entrave à emancipação da política é social. Muitos
dos que se arvoram em algozes
de oligarcas não fizeram nada
qualitativamente diverso para
angariar suas vitórias. Apenas
instalaram máquinas mais eficientes que as tradicionais. O
Bolsa Família e os verdadeiros
feudos eleitorais montados por
petistas nas franjas populosas da
Grande São Paulo o provam.
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