São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Nem Serra nem Tasso

BRASÍLIA - Cresce no PSDB um movimento para impedir a ascensão de José Serra ou de Tasso Jereisatti à presidência da sigla. "Uma vitória de um dos dois, ou de alguém muito identificado com um dos dois, deixaria o partido fracionado. Não seria bom para o PSDB", tem dito o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves, um dos tucanos mais citados como possível postulante à vaga de candidato a presidente da República em 2006. Os outros presidenciáveis do PSDB são o governador paulista, Geraldo Alckmin, e Fernando Henrique Cardoso. Vigora no PSDB a tese de que o partido será a grande alternativa de poder no caso de um eventual fracasso do governo Lula. Esse cenário depende de uma hoje inexistente união entre os tucanos. Haverá uma sangria de quadros se a presidência da sigla ficar com Serra ou com Tasso. Num primeiro momento, serristas e tassistas acharam que poderiam tomar o partido de assalto a partir de 2003. A poeira baixou. A maioria dos tucanos parece perceber que o partido acabaria fragilizado com a vitória de um dos grupos. O perdedor se sentiria humilhado. A idéia agora é buscar algum nome neutro para presidir o PSDB. Os ex-governadores José Richa (Paraná) e Almir Gabriel (Pará) têm sido citados. FHC parece aprovar a estratégia, mas ainda é nítida a sua preferência por José Serra. Na Câmara e no Senado, também há pressão pela troca dos líderes nessas Casas: buscam-se tucanos agregadores para os dois postos. O ano de 2003 será o grande teste para o PSDB. Os tucanos terão de provar que sabem ser oposição. E que têm condições de eleger um presidente da República, em 2006, sem a ajuda de um plano econômico.

Se dependesse de Antonio Palocci Filho, o discurso que ele foi obrigado a ler na semana passada teria menos críticas a FHC. É uma luta fazer o ex-trotskista atacar o modelo tucano.



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