São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

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MARCELO BERABA

Malogros e frustrações

RIO DE JANEIRO - A governadora Benedita da Silva deixa o governo do Rio ungida ministra, mas mal avaliada por seus conterrâneos. Entre dez governadores pesquisados pelo Datafolha, ela está praticamente em último lugar, com Jaime Lerner (PR). Houve um momento, quando jogou duro com a cúpula do tráfico presa em Bangu e prendeu Elias Maluco, acusado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, em que seu governo parecia ter tomado um rumo. Já não dava mais tempo para uma reação eleitoral, mas Benedita e o PT voltaram a ter a simpatia da população. O que ocorreu nos dois últimos meses apagou aquele fugaz reconhecimento. A violência persistiu nos mesmos patamares escandalosos. A divulgação das estatísticas de criminalidade (desfavoráveis) foi propositalmente retardada, o que não deixa de ser uma forma de manipulação e uma quebra da promessa de transparência. E o episódio, ainda nebuloso, da aposentadoria do comandante da PM também desgastou o governo. No campo das finanças, outro problema sério herdado do governo Garotinho, o saldo também é negativo. Benedita muda-se para Brasília sem pagar o 13º salário do funcionalismo e sem garantir o pagamento do salário de dezembro. É um final de governo melancólico.

Um registro. O superintendente da Polícia Federal do Rio, Marcelo Itagiba, informa, a propósito do frustrante inquérito que não apontou os assassinos de Antônio Gonçalves de Abreu, torturado e morto nas dependências da PF, que tomou todas as providências que lhe cabia para não deixar o crime impune. Na sua opinião, os ofícios que ele próprio enviou à OAB e ao Ministério Público Federal para que acompanhassem as investigações desde o início provam que não houve corporativismo por parte da PF.
Nesse caso, resta a hipótese da incompetência da corporação.



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