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VIDA DESUMANA
Eles não têm água potável nem
esgoto sanitário nem coleta de
lixo; há mais de dois moradores por
dormitório. A lista de doenças que
nesse ambiente encontram condições ideais para prosperar é grande.
Ela inclui todas as moléstias diarréicas -ainda as grandes responsáveis
pela morte de crianças-, os mais variados tipos de verminose, hepatite
A, infecções respiratórias e tuberculose. Presumivelmente, são também
habitações que favorecem a disseminação de doenças transmitidas por
vetores animais, como mal de Chagas, dengue, malária.
Não há exagero nenhum em afirmar que esse tipo de moradia é mais
propício para patógenos do que para
pessoas. Ainda assim havia, em
2000, 8,34 milhões de brasileiros vivendo nessa situação. São os 5% de
habitações consideradas "totalmente inadequadas" contadas pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) no último censo.
Historicamente, a situação está
melhorando. Em 1991, as moradias
totalmente inadequadas, isto é, que
não satisfaziam a nenhum dos critérios enumerados no primeiro parágrafo, perfaziam 11% do total. Também cresceu o número de habitações
tidas como totalmente adequadas.
Elas eram 33% no início da década
passada contra 44% em 2000. O ritmo dos avanços, contudo, ainda deixa muito a desejar, sobretudo quando se considera que a subabitação é
fenômeno associado a altos índices
de mortalidade infantil.
É claro que há enorme carência de
investimento em infra-estrutura, em
especial na rede de esgoto, mas também é preciso considerar a questão
da renda. Excluídas regiões mais remotas, o esgoto já chegou a praticamente todos os que dispõem de
meios para pagar pelo serviço. Se,
num passe de mágica, fosse estendida a capacidade física da rede imediatamente, boa parte da população
ainda assim ficaria sem o serviço por
não ter condições de arcar com a
conta no fim do mês.
Além de investir em saneamento, é
preciso pensar modos de garantir
que o usuário tenha efetivamente
acesso a água potável e esgoto. O que
está em jogo é a saúde do brasileiro.
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