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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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BARREIRA SANITÁRIA

A identificação nos EUA da encefalite espongiforme bovina (EEB), nome técnico do mal da vaca louca, tem tido, como não poderia deixar de ser, importante repercussão no Brasil, maior exportador mundial de carne bovina. Especula-se se as vendas brasileiras -entre elas as de frango e suínos- poderiam beneficiar-se do drama norte-americano ao mesmo tempo em que se constata a existência de questões de ordem sanitária que precisam ser enfrentadas pelo país.
Como se sabe, as chamadas barreiras fitossanitárias, que muitos governos impõem a importações de carne e outros produtos, são prática comum no comércio internacional. A título de proteger a saúde, o que essas restrições muitas vezes protegem são mercados. Cabe aos países que se julgam prejudicados, como o Brasil, procurar provar nos fóruns adequados que tais medidas podem não passar de artifícios protecionistas. Isso não significa que os problemas que esbarram nessas salvaguardas não devam ser enfrentados.
No caso de bovinos, a principal dificuldade brasileira é a febre aftosa, que ataca o gado, mas muito raramente atinge humanos. Diversos países vetam a carne brasileira devido a casos verificados no passado e ao fato de o rebanho precisar, por isso mesmo, ser vacinado.
Segundo o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, a defesa sanitária entre nós é precária e o caso dos EUA deve servir como "grave alerta". O Brasil estaria atendendo "no limite" algumas exigências. Na hipótese de maior rigor em barreiras não-tarifárias, Rodrigues diz que a produção brasileira teria de "correr atrás".
É possível que o ministro tenha usado a ocasião para pressionar por verbas -o que em tese não invalida seu parecer sobre a gravidade da situação. Como o mal da vaca louca volta a evidenciar, cuidados sanitários devem ser levados a sério, sob risco de prejuízos para o país.


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