São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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FURA-FILA

Na campanha eleitoral que conduziu Celso Pitta à cadeira de prefeito de São Paulo, o Fura-Fila foi uma grande atração. Uma animação computadorizada -a cargo do atual marqueteiro do PT, Duda Mendonça- invadiu o horário eleitoral exibindo nas TVs as incríveis virtudes desse meio de transporte que prometia livrar o paulistano do tormento dos congestionamentos, com a vantagem de custar muito menos do que linhas de metrô, por ser um veículo de superfície montado sobre pneus.
Oito anos se passaram e o Fura-Fila, rebatizado de Paulistão, ainda não foi visto circulando na cidade. Pitta, para tentar manter as aparências, chegou a promover, em 1999, uma insólita "inauguração simbólica" de um trecho de 8,5 km, que uniria o Parque Dom Pedro ao Sacomã. Em novembro de 2000, no entanto, a obra foi abandonada.
Ao assumir a prefeitura, Marta Suplicy anunciou que retomaria os trabalhos. O percurso original de Pitta foi ampliado para 22,5 km, até São Mateus. Com algumas adaptações para tornar o projeto menos caro, tudo ficaria em R$ 345 milhões, em valores atualizados.
Descobre-se agora que pelo menos R$ 461 milhões deverão ser gastos na obra, que ainda deverá consumir 18 meses para ser concluída. O que teria ocasionado o aumento? Mais precisamente, a que ele corresponde?
A prefeitura, como vai se tornando rotina, negou-se a fornecer as explicações solicitadas. Silencia sobre tema relevante, comportando-se de forma semelhante a prefeitos que antes criticava. O episódio é, do início ao fim, um desrespeito com os paulistanos. Do descarado ilusionismo da campanha aos inexplicados aumentos de custos, passando pela falsa inauguração e pelo longo atraso, tudo tem jeito de escárnio.


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