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O TESTE DA AMÉRICA LATINA
Nos últimos dias surgiram vários
indícios de que a crise asiática, se
não está encerrada, prevendo-se longo período de ajuste na região, pode
estar entrando numa fase de menor
turbulência. A ruptura do sistema foi
evitada e, a princípio, essa era a condição para impedir um contágio violento de outros mercados.
Ocorreram vários avanços. Houve
um acordo entre os negociadores coreanos e os credores internacionais.
Foi alongado o prazo de dívidas de
curto prazo para até três anos.
O apoio do FMI à Indonésia de certa
forma também acalmou os mercados. Houve valorização da rupia depois de anunciada uma moratória.
Finalmente, uma sucessão de medidas anunciadas no Japão com o objetivo de garantir a integridade do sistema financeiro mostraram que a
economia mais rica da região tem um
governo atento. Abandonou-se a tradicional política de esconder os "esqueletos" financeiros.
Grandes bancos e corretoras estão
sendo obrigados a reconhecer perdas. A corrupção na fiscalização veio
à tona. Mas, ao mesmo tempo, estão
sendo mobilizados recursos fiscais
para evitar uma quebra em cadeia de
instituições financeiras.
Entretanto, mesmo supondo-se que
seja duradouro o estancamento da
sangria asiática, a crise deixou uma
lição. Ficou ainda mais evidente que
no sistema financeiro global circulam massas de recursos líquidos cujo
controle é quase impraticável. Separar razões fundamentais de motivações puramente especulativas é às
vezes impossível. E dessas constatações brota uma dúvida inquietante:
haverá outros países expostos demais, numa outra rodada especulativa, a ataques e pânicos?
Em sua edição de quinta-feira, o
"Wall Street Journal" alertava para
supostas fragilidades do presidente
Menem. Em Davos, economistas e
empresários do Fórum Econômico
Mundial têm dúvidas sobre a durabilidade do regime cambial brasileiro.
Assim, ainda que passada, ao que
parece, a tormenta na Ásia, podem se
impor novos testes de resistência para as economias da América Latina.
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