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O contrato por prazo determinado vai estimular a geração de empregos?
SIM
Outra realidade
ELCIO ALVARES
A aprovação do contrato de trabalho
por prazo determinado, certamente,
não acabará com o desemprego no
país. Mas, com certeza, irá permitir a
geração de novos empregos. Já era tempo de o governo propor a flexibilização
da legislação trabalhista. O desemprego
precisa ser combatido; ele provoca miséria, violência e desespero. O que não
podemos aceitar é uma legislação que
cria encargos sobre a folha de pagamento e inibe a oferta de vagas.
Economias como a americana e a japonesa têm poucos encargos sobre a
folha de pagamento. Nesses países, o
desemprego é baixo. Na Europa, o desemprego é menor na Inglaterra, onde
a legislação também foi flexibilizada. E
é alto na França e na Alemanha, que
mantêm a rigidez. Essa decisão, tomada pelo Senado brasileiro por 51 votos
contra 23, é a primeira mudança efetiva
na engessada legislação trabalhista que
vem do governo Getúlio Vargas.
Com o tempo, o contrato por prazo
determinado permitirá combater os níveis de desemprego no país, já que agora qualquer empresa pode adotá-lo. O
mercado vai reagir com dinamismo na
geração de empregos. Antes, a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho) só
permitia contratos desse tipo para atividades de caráter transitório, como a
construção civil, ou os chamados contratos de experiência.
Agora, a realidade é outra. Nesse sentido, foi extremamente importante a
decisão do Congresso. Representa um
passo fundamental na modernização
das relações de trabalho no Brasil.
Pela primeira vez, desde a criação da
CLT, instituiu-se um modelo contratual que depende de prévio processo de
negociação coletiva. Certamente, vão
existir opiniões contrárias. Há quem
afirme que foi criada uma segunda categoria de trabalhadores, que terão menos direitos sociais.
Mas devemos observar o resultado
coletivo que a medida alcançará. Foi
com essa visão que o presidente Fernando Henrique Cardoso tomou a iniciativa da proposta. O contrato por
prazo determinado vai permitir que
milhões de trabalhadores tenham acesso ao emprego. Não acaba com o desemprego, mas é um avanço. E não se
discute: é melhor emprego temporário
do que desemprego permanente.
Elcio Alvares, 65, é senador pelo PFL do Espírito Santo e
líder do governo no Senado. Foi ministro da Indústria e
do Comércio (governo Itamar Franco).
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