São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 1998

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Painel do leitor

Explicação
"O jornalista Janio de Freitas se deixou levar pelo ardor da argumentação em sua coluna de 18/1. Atribuiu os defeitos que vê na lei de doação de órgãos ao 'vício de governar pelas ditatorialescas medidas provisórias' e à 'sujeição do Congresso com a arma da corrupção política'. Errou. Na verdade a nova lei nasceu de um projeto de um senador de oposição. Por gestões do governo, seguindo uma recomendação do Conselho Nacional de Saúde, a Câmara emendou o projeto para condicionar a remoção de órgãos ao consentimento expresso do doador em vida. O Senado, por unanimidade, rejeitou a emenda da Câmara e manteve o conceito de doação presumida. O presidente da República acatou a decisão do Congresso e sancionou a lei, por entender que ela representa uma esperança para os milhares de brasileiros na fila de transplante, apesar da controvérsia sobre a doação presumida."
Eduardo Graeff, subchefe para Assuntos Parlamentares da Presidência da República (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas - Como o próprio missivista reconhece, o artigo "atribuiu os defeitos" da lei, e não a natureza institucional e formal do ato legislador, ao autoritarismo expresso no "vício (...) e na sujeição", também citados na carta.

Sonhar é preciso
"Li, com surpresa, o artigo do meu companheiro de Câmara Federal deputado Roberto Campos, 'Socialismo, uma fábrica de sonhos', em que o autor tenta ridicularizar os princípios de igualdade, fraternidade e solidariedade do socialismo, colocando-os como sonhos inatingíveis, utópicos, argumentando que o da Inglaterra, com Tony Blair, e o da França, com Jospin, foram totalmente transformados e o povo já está engolindo formas neoliberais de governo.
Jean Jacques Rousseau sonhou e suas utopias democráticas se realizaram, em parte, na Revolução Francesa. Marx e Engels sonharam e suas utopias só não foram realizadas totalmente pelo erro do imperialismo comunista.
Em vez de o dr. Roberto Campos buscar em George Orwell a polícia do pensamento para destruir nossos sonhos, deveria inspirar-se, talvez, no nosso Henfil quando diz: '...se não houver folhas, valeu a intenção da semente'."
José Aristodemo Pinotti, deputado federal pelo PSB (Brasília, DF)

Julgamento das urnas
"Um juízo justo. Não entendo por que toda a mídia condena a candidatura de Collor. Se ele foi tão ruim para o Brasil, com o que também concordo, deixem que as urnas o repreendam. Esse medo de sua candidatura quase nos revela duas coisas: ou o sistema de apuração de votos é suspeito ou os eleitores são influenciados. E, nos dois casos, a mídia detém a solução."
Maurício Costa Guimarães (Mogi das Cruzes, SP)


Data marcada
"Que o governador Mário Covas, em 98, mantenha a mesma discrição que tem praticado até agora: um governo sério e de realizações. Peço ao governador que seja mantida a inauguração, em 30/3, das estações de metrô Jardim S. Paulo, Parada Inglesa e Tucuruvi. Esse evento deve acontecer mesmo e nunca ser objeto de campanha eleitoral."
Nelson Ribeiro dos Santos (São Paulo, SP)

Novo código de trânsito
"As infrações de trânsito devem ser tratadas com todo o rigor. Ruas e estradas foram transformadas em verdadeiros campos sangrentos de batalha. Entre 1960 e 1996, estima-se que 586.150 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito. Em 1997, a previsão é de 28 mil mortos. Deve haver firmeza com relação aos assassinos do trânsito. Não obstante isso, no campo do Direito, alguns profissionais pugnam e têm sido a favor de fiança e liberdade provisória para apostadores de rachas, motoristas que dirigem perigosamente e em excesso de velocidade etc."
Manuel Morales (São Paulo, SP)

Doação presumida
"Quando renovei a minha Carteira Nacional de Habilitação, fiquei surpreso com a pergunta: é doador de órgãos? A minha resposta foi sim, com muito orgulho, por achar que estaria fazendo uma caridade.
Agora já penso em alterar o meu documento pelo fato de o governo ter tirado de mim o ato espontâneo da doação. Ao contrário dessa lei de confisco, melhor seria que o governo tivesse feito uma campanha nacional de esclarecimento à população, tal como a da Aids e a da doação de sangue."
Murilo S. Cordeiro (Uberaba, MG)

Poda drástica
"O Brasil possui todos os atributos necessários para em 20 anos figurar entre as quatro maiores potências econômicas do planeta. Basta que tenha a coragem exigida de fazer em si uma poda drástica, cortando todas as instituições que só drenam recursos e em nada retribuem para o engrandecimento da nação. Um país que insiste em privilegiar instituições improdutivas e falidas em detrimento dos setores produtivos acabará por merecer o conceito de nação leviana. Podar os ramos improdutivos é preciso, para que possamos voltar a sonhar com a possibilidade de um futuro sem tanta miséria e tamanha desigualdade social."
João Dewet Moreira de Carvalho (Nanuque, MG)



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