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FHC, OS DEDOS E A MÉDIA
O balanço de três anos e três meses
da gestão Fernando Henrique Cardoso, publicado ontem por esta Folha,
pode ser traduzido como a concretização da "utopia do possível", o rótulo que o próprio presidente sempre
preferiu para qualificar o projeto da
sua administração.
Ou, em termos práticos, trata-se de
um governo que nem está sendo revolucionário nem medíocre.
FHC falhou, conforme mostra o levantamento, em dois dos cinco itens
que elegeu como prioritários durante
a campanha de 1994 (saúde e emprego). Mas cumpriu as metas em educação e ficou em algum ponto do
meio do caminho nas áreas de agricultura e segurança pública.
São resultados que ajudam a entender a aceitação, relativamente boa,
que o presidente tem, hoje, junto à
opinião pública, conforme mostram
sucessivas pesquisas de opinião realizadas pelo Datafolha.
Convém, de todo modo, ressalvar
que a popularidade do presidente parece ancorada mais na manutenção
da inflação em níveis bastante baixos
do que nas realizações (ou falta delas) nas áreas que o candidato FHC
escolheu como prioritárias.
Não fosse assim, é provável que o
governo estivesse com o prestígio em
queda pelo malogro em uma área
crucial, a do emprego. A taxa média
de desemprego, medida pelo IBGE,
acaba de marcar um novo recorde.
Dos 4,42% de janeiro de 1995, mês
da posse, pulou para 7,42% em fevereiro deste ano.
É claro que seria incorreto culpar
unicamente Fernando Henrique Cardoso pelo aumento do desemprego.
É um tema complexo demais para
permitir essa simplificação.
Bem feitas as contas, há dois métodos diferentes para medir o governo
FHC. Se a comparação for com seus
antecessores recentes e não tão recentes, a nota do presidente só pode
ser alta. Mas, se se comparar o que
foi por ele realizado com a expectativa gerada com a sua eleição, o resultado deixa a desejar.
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