São Paulo, terça, 31 de março de 1998

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FHC, OS DEDOS E A MÉDIA

O balanço de três anos e três meses da gestão Fernando Henrique Cardoso, publicado ontem por esta Folha, pode ser traduzido como a concretização da "utopia do possível", o rótulo que o próprio presidente sempre preferiu para qualificar o projeto da sua administração.
Ou, em termos práticos, trata-se de um governo que nem está sendo revolucionário nem medíocre.
FHC falhou, conforme mostra o levantamento, em dois dos cinco itens que elegeu como prioritários durante a campanha de 1994 (saúde e emprego). Mas cumpriu as metas em educação e ficou em algum ponto do meio do caminho nas áreas de agricultura e segurança pública.
São resultados que ajudam a entender a aceitação, relativamente boa, que o presidente tem, hoje, junto à opinião pública, conforme mostram sucessivas pesquisas de opinião realizadas pelo Datafolha.
Convém, de todo modo, ressalvar que a popularidade do presidente parece ancorada mais na manutenção da inflação em níveis bastante baixos do que nas realizações (ou falta delas) nas áreas que o candidato FHC escolheu como prioritárias.
Não fosse assim, é provável que o governo estivesse com o prestígio em queda pelo malogro em uma área crucial, a do emprego. A taxa média de desemprego, medida pelo IBGE, acaba de marcar um novo recorde. Dos 4,42% de janeiro de 1995, mês da posse, pulou para 7,42% em fevereiro deste ano.
É claro que seria incorreto culpar unicamente Fernando Henrique Cardoso pelo aumento do desemprego. É um tema complexo demais para permitir essa simplificação.
Bem feitas as contas, há dois métodos diferentes para medir o governo FHC. Se a comparação for com seus antecessores recentes e não tão recentes, a nota do presidente só pode ser alta. Mas, se se comparar o que foi por ele realizado com a expectativa gerada com a sua eleição, o resultado deixa a desejar.



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