São Paulo, terça, 31 de março de 1998

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EMPREGO, QUASE INVIÁVEL

A taxa de desemprego medida pelo IBGE em fevereiro foi de 7,42%. Há um ano, era de 5,55%.
As causas do problema são conhecidas. A política econômica de contenção do crescimento é a mais óbvia. Mas é também, entre as causas do desemprego, uma das mais circunstanciais. O aperto recessivo é emergencial, ainda que não sejam possíveis taxas de crescimento muito altas nos próximos anos.
Talvez ainda mais preocupantes sejam os fatores estruturais, cujos efeitos ainda se farão sentir seja qual for a política econômica de curto prazo.
Os mais importantes no Brasil (e no mundo) são a modernização tecnológica que elimina setores inteiros, a privatização que enxuga as antigas empresas estatais e a reorganização produtiva em setores importantes (como o automobilístico ou o bancário), onde fusões e aquisições exigem racionalização e demissões.
Criar empregos, nesse contexto, é uma tarefa quase inviável.
A mesma tecnologia que destrói setores ou reduz empregos em fábricas que se modernizam tem sido um fator de desenvolvimento de novas oportunidades. As tecnologias da informação e da automação, por exemplo, reclamam cada vez mais a incorporação de trabalhadores mais qualificados. Se o sistema educacional brasileiro for reformado rapidamente, essas exigências de qualificação poderão ser atendidas, abrindo oportunidades de emprego.
É também importante lembrar que a privatização brasileira, centrada em setores de infra-estrutura e serviços, dá origem a investimentos em energia, suprimentos para telecomunicações e saneamento. O emprego deve reduzir-se nas estatais privatizadas, mas outras empresas privadas ocupam espaços novos, criados por novos investimentos.
Os números, por enquanto, revelam apenas as tendências negativas para o mercado de trabalho. O quase inviável, entretanto, ainda está suficientemente longe do impossível, permitindo, pois, que possa persistir ainda alguma esperança na geração de mais empregos.



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