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EMPREGO, QUASE INVIÁVEL
A taxa de desemprego medida pelo IBGE em fevereiro foi de 7,42%.
Há um ano, era de 5,55%.
As causas do problema são conhecidas. A política econômica de contenção do crescimento é a mais óbvia. Mas é também, entre as causas
do desemprego, uma das mais circunstanciais. O aperto recessivo é
emergencial, ainda que não sejam
possíveis taxas de crescimento muito
altas nos próximos anos.
Talvez ainda mais preocupantes sejam os fatores estruturais, cujos efeitos ainda se farão sentir seja qual for
a política econômica de curto prazo.
Os mais importantes no Brasil (e no
mundo) são a modernização tecnológica que elimina setores inteiros, a
privatização que enxuga as antigas
empresas estatais e a reorganização
produtiva em setores importantes
(como o automobilístico ou o bancário), onde fusões e aquisições exigem racionalização e demissões.
Criar empregos, nesse contexto, é
uma tarefa quase inviável.
A mesma tecnologia que destrói setores ou reduz empregos em fábricas
que se modernizam tem sido um fator de desenvolvimento de novas
oportunidades. As tecnologias da informação e da automação, por exemplo, reclamam cada vez mais a incorporação de trabalhadores mais qualificados. Se o sistema educacional
brasileiro for reformado rapidamente, essas exigências de qualificação
poderão ser atendidas, abrindo
oportunidades de emprego.
É também importante lembrar que
a privatização brasileira, centrada
em setores de infra-estrutura e serviços, dá origem a investimentos em
energia, suprimentos para telecomunicações e saneamento. O emprego
deve reduzir-se nas estatais privatizadas, mas outras empresas privadas
ocupam espaços novos, criados por
novos investimentos.
Os números, por enquanto, revelam apenas as tendências negativas
para o mercado de trabalho. O quase
inviável, entretanto, ainda está suficientemente longe do impossível,
permitindo, pois, que possa persistir
ainda alguma esperança na geração
de mais empregos.
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