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O PT PRAGMÁTICO
Oito anos depois da aliança
entre tucanos e pefelistas, o
Partido dos Trabalhadores rende homenagem à mesma lógica política
que possibilitou a Fernando Henrique Cardoso duas eleições seguidas
à Presidência da República e maioria
robusta no Congresso.
Decerto surgirão petistas tentando
justificar os passos rumo à "realpolitik" com longas argumentações
acerca das diferenças entre Antonio
Carlos Magalhães (cuja aliança com
FHC foi duramente criticada pelo
PT) e Orestes Quércia (de quem Lula
e correligionários ora se aproximam). Também haverá quem mencione as novas "condições objetivas"
que possibilitam flertes com personagens anteriormente malquistos
pelo PT -caso do deputado federal
Luiz Antonio de Medeiros e de Paulo
Pereira da Silva, ambos de trajetória
pública associada à Força Sindical.
Afinal, para a "intelligentsia" do
PT, alianças que no passado seriam
demonizadas pelo partido agora
passam como "flutuações táticas";
governos petistas que, em troca de
apoio legislativo, oferecem cargos a
lideranças antes satanizadas não fazem fisiologia, mas "política de governabilidade".
No fundo, o que a novilíngua petista faz é justamente confirmar a transição do maior partido de esquerda
brasileiro rumo ao centro, no que
tange às idéias, e rumo ao pragmatismo, no que diz respeito a suas estratégias de campanha e de governo.
É inevitável que, nesse processo, alguns traços do "velho PT" se tornem
manifestações espasmódicas de minorias partidárias cada vez mais isoladas politicamente. Nesse caminho,
um dos elementos que os petistas estão, ao que parece, próximos de perder é a sua aura de paladinos da moralidade na política.
O messianismo purificador historicamente se tem mostrado uma perigosa bandeira política. Mas o rumo
do pragmatismo, para o partido de
Lula, será também, muito provavelmente, o da diminuição de um de
seus maiores cacifes eleitorais.
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