São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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O BRASIL NA COPA

O fato de a seleção brasileira de futebol ter partido um tanto desprestigiada para a disputa da Copa do Mundo não permite selar destino ruim para o seu desempenho na competição. Iniciar um Mundial sem contar com a empolgação do torcedor brasileiro foi a regra nos 16 certames de que o Brasil participou. Dois exemplos recentes: o time de 1990 saiu desacreditado e confirmou as expectativas, tendo sido eliminado nas oitavas-de-final; já o de 1994, apesar de não ter empolgado na saída, sagrou-se campeão.
A desorganização, que nasce nos clubes e se cristaliza na Confederação Brasileira de Futebol, mais uma vez é uma das heranças negativas que o time brasileiro terá que superar em campo. Nas eliminatórias do ano passado, a seleção, apresentando um futebol fraco, sofreu nada menos do que seis derrotas -quatro delas para tradicionais "fregueses" do Brasil. Ao longo das eliminatórias, a seleção trocou de técnico duas vezes.
O passivo extracampo também pesa. Há um processo de questionamento da estrutura dirigente de clubes e federações. Duas CPIs foram instaladas no Congresso sobre o tema, o Executivo federal propôs um projeto de lei que supostamente "moraliza" o esporte, levantaram-se suspeitas de ligação de dirigentes do futebol com sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro etc.
Mas é evidente que o Brasil ainda tem talentos individuais e tradição capazes de fazer toda a diferença no Mundial que está começando. Com um mínimo de entrosamento e correção das falhas defensivas, o potencial técnico de jogadores como Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos poderá suprir as carências coletivas do selecionado nacional.
Enfrentando times com pouca tradição na primeira fase, a seleção terá, em tese, um período para aperfeiçoar em campo o seu esquema de jogo. Isso será fundamental. Não será improvável que, para chegar à final, o Brasil tenha de derrotar França e Argentina, duas das mais poderosas seleções do momento. Não será fácil. Tampouco impossível.


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