São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Alianças petistas
"Li o brilhante artigo de Clóvis Rossi de ontem ("Perto do poder, longe da decência", Opinião, pág. A2). Muito obrigado! Rossi desatou um grande nó que havia em minha consciência política. Será que Lula imagina que nós, os eleitores, não estamos observando nada? Será que ele não suspeita de que seus atos estão sendo medidos com régua, compasso e microscópio? Se ele é capaz de "absolver" Quércia com tamanha leviandade, ele precisa saber que nós, eleitores, ficamos estarrecidos com isso. E mais estarrecidos ainda ficamos com a expectativa do que Lula seria capaz de fazer quando (e se) estivesse com a caneta presidencial na mão. Pior do que esse triste episódio só mesmo Orestes Quércia chamar Roberto Requião de "companheiro". Logo o Requião, que, quando era governador aqui do Paraná, criou o "disque-Quércia" para receber acusações contra o ex-governador de São Paulo."
Joel Samways, procurador do Estado do Paraná (Curitiba, PR)

"A ironia de Lula sobre a conjugação do verbo intervir (Brasil, pág. A5, 30/5) talvez ajude a pôr a nu a hipocrisia dos que se servem da dita norma culta (ah, essa dona Norma...) para humilhar milhões de brasileiros e para excluí-los da vida política e dos bens culturais. O que é uma pena é esse conchavão com Quércia, Requião, PL..."
Carlos Eduardo Castanheira (Palotina, PR)

Educação
"Confesso que fiquei estarrecido ao ler a reportagem "Escolas de Santos têm 1.493 analfabetos" (Cotidiano, pág. C3, 30/5), sobre o fato de alunos da 1ª à 8ª série das escolas municipais daquela cidade não conseguirem ler enunciados de questões, e cumprimento o prefeito Beto Mansur pela atitude firme e corajosa de mudar o sistema de educação progressiva. É preciso gritar. Os professores não têm culpa nesse lamentável descalabro do ensino. Professores e alunos são vítimas de um governo prepotente (PSDB), que não admite discussão e liberdade de cátedra. Educação é coisa séria, não experiência de iluminados."
Rodolpho Pereira Lima, professor aposentado do magistério estadual e ex-secretário municipal de Educação de Bauru (Bauru, SP)

USP
"Não se pode desculpar o texto de Gilberto Dimenstein como sendo um julgamento precipitado ou ingênuo ("O mito USP está chegando ao fim?", Cotidiano, pág. C10, 26/5). O que faz um centro de excelência não é a aparência física dos prédios. Se há greve na FFLCH, ela se justifica pela necessidade de mantermos e ampliarmos o nosso centro de excelência. Só aqui temos pesquisa de qualidade. E é daqui que saem os doutores e mestres de que o mercado e o Brasil tanto necessitam. Gostaria ainda de saber por quais motivos foi dito que a "própria universidade pública está sendo uma das colaboradoras da privatização do ensino". Nós, em greve, estamos em defesa da universidade pública. Talvez Dimenstein esteja falando do senhor Alckmin ou dos sucessivos reitores que insistem em que a universidade pública se dobre ao mercado. Será que não é o próprio mercado que tem destruído a produção acadêmica? Sou professora de várias faculdades privadas, que nascem, em geral, de interesses econômicos. Ou seja, surgem de concepções que em nada nos ajudam a contribuir para o desenvolvimento da nação. Agora, que elas são "bonitinhas", isso são. Umas graças."
Giselle Larizzatti Agazzi, pós-graduanda em literatura brasileira na USP (São Paulo, SP)

Menor infrator
"Em relação à reportagem "Governo reduz defesa de menor infrator" (Cotidiano, pág. C6, 24/5), cumpre-me fazer algumas observações. O título da reportagem não é verdadeiro. Não há redução de defesa de menor infrator. Houve, sim, uma ampliação do trabalho relativo à tutela da criança e do adolescente pela procuradoria de assistência judiciária, que agora tutela também a criança em situação de risco no fórum de Santo Amaro. Foi feita ampla reestruturação no setor de forma a melhor atender às necessidades da população. Alguns processos de execução estão sendo patrocinados por advogados conveniados, que também são pagos pelo Estado. Não é verdade que os familiares estão sem atendimento. A remoção de alguns procuradores não reduziu o atendimento prestado pelo Estado. Houve, sim, alteração de horário de atendimento das mães, que agora são atendidas também no período da manhã, sendo essa uma atribuição dos procuradores lotados no setor. Antes eram atendidas apenas no período da tarde. Segundo a reportagem, a juíza-corregedora da Febem, Mônica Paukoski, teria afirmado que a escassez de procuradores estaria atrasando a tramitação dos processos de internos da capital. Mas a juíza omite o fato de que os quatro procuradores atendiam também à execução dos processos relativos aos internos de Franco da Rocha, função que foi retirada da alçada desse setor por meio da designação de procurador do Estado para atendimento exclusivo daquela unidade. Dessa forma, a carga de trabalho dos procuradores com atuação no Departamento das Execuções da Infância e da Juventude também diminuiu."
Mariângela Sarrubbo, subprocuradora-geral do Estado na área da assistência judiciária (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Gabriela Athias
O número de procuradores que defendem menores infratores passou de 13 para sete. A portaria GPAJ-7, da subprocuradora-geral do Estado Mariângela Sarrubbo, restringiu o horário de atendimento aos familiares dos menores, que até abril era feito das 12h às 19h, a duas horas no período da manhã.

Venda e lucro
"No artigo "Amigo" (Dinheiro, pág. B2, 28/5), Benjamin Steinbruch revela os lucros da Companhia Vale do Rio Doce desde que foi privatizada. Nessa discussão para saber se houve ou não propina na privatização, vale a pergunta: como o governo pode ter "vendido" por US$ 3,2 bilhões uma empresa que dá lucro de US$ 8,22 bilhões em cinco anos?"
Mouzar Benedito (São Paulo, SP)

Metrô
"É impressionante a cara-de-pau dos representantes do PSDB. Em carta ao "Painel do Leitor" (pág. A3, 24/5), a assessora de imprensa da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo diz que "expandir a rede metroviária é uma das prioridades desta gestão". Só que ela mesma diz que o metrô passará dos atuais 49,2 km para 140,2 km nos próximos cinco anos. Ora, que prioridade é essa se os novos 91 km serão construídos por outro governo? Diz ela ainda que os governos anteriores (até 94) deixaram 43,6 km feitos em 30 anos. Portanto o governo do PSDB fez, em oito anos, apenas 5,6 km (média anual de 0,7 km) contra a média dos governos anteriores de 1,64 km/ano. Mesmo considerando a próxima inauguração da linha 5 (Capão Redondo-13 de Maio), é bem provável que a média seja inferior à dos criticados governos anteriores. É muita cara-de-pau!"
Sylvio Luiz Netto Caldeira (São Paulo, SP)



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