São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Ondas perigosas

NÃO BASTASSE a crise estrutural por que passa o setor aéreo no Brasil, pilotos e controladores de vôo ainda têm de lidar com constantes interferências no sistema de comunicações provocadas por rádios comunitárias e piratas.
Anteontem, os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, os dois mais movimentados do país, tiveram de suspender suas operações de pouso e decolagem por seis minutos. Zunidos, pregações religiosas, canções populares sobrepunham-se às instruções da torre para os aviões.
O problema, que já provoca "apagões" em média duas vezes por semana, vem crescendo nos últimos meses. De acordo com o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo, o número de interferências saltou de 32 em janeiro de 2006 para 171 até as 11h do último dia 29.
Esse tipo de ocorrência não significa uma grave e iminente ameaça à aviação. Além de os pilotos terem várias freqüências de rádio à sua disposição, existem sistemas redundantes de proteção ao vôo. Ainda assim, é inegável que a má qualidade da recepção radiofônica e ser obrigado a procurar freqüências alternativas representam um estresse adicional a pilotos e controladores. Quando se efetuam mais de mil operações por dia, como é o caso do controle de São Paulo, toda dificuldade extra se traduz em mais atrasos e insegurança.
É necessário, portanto, resolver de vez esse problema, pondo um fim às interferências, mesmo que isso implique o fechamento de rádios que operam sem licença. Não se trata, como ocorreu no passado, de cercear a liberdade de expressão, mas apenas de disciplinar a utilização do espectro eletromagnético, que tem limitações físicas, em claro benefício da segurança do público.
Os representantes de rádios comunitárias têm razões para reclamar da forma como são distribuídas as concessões. Podem fazê-lo sem criar mais empecilhos ao conturbado setor aéreo.


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