|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Não é que era verdade?
SÃO PAULO - Leio o depoimento de João Cláudio Genu, o assessor do PP,
que confessa ter recolhido regularmente dinheiro enviado por Marcos
Valério, "a pedido da direção do Partido Progressista".
Volto a um almoço entre companheiros da Folha no elegante boteco
"Leão da Barão", ao lado da sede do
jornal, em que Fernando Canzian dizia que o notável na história era que
todo mundo acreditava piamente em
tudo o que dizia Roberto Jefferson,
menos na história de que o olho roxo
(na época de seu depoimento) se devia à queda de um armário.
Pois é, Canzian, agora está explicada a fé em Jefferson: o que ele contou
era verdade. O mensalão existe.
Deixou de ser uma fabulação a história de que o PT montou o que Jefferson chamou de "exército de mercenários". Tanto deixou que Jefferson
virou o rei Midas às avessas: todos os
nomes que ele toca se transformam,
em vez de ouro, naquilo que você está
pensando, não é?
Qual será agora a linha de defesa
do PT? Começou tentando impedir a
investigação. Varrido pelo furacão
Jefferson, aceitou-a a contragosto,
para usá-la para tentar demonstrar,
como disse o presidente da República, que todos cometem os mesmos pecados (ou seja, todos têm caixa dois).
Muito bem. Agora, o problema não é
(aliás nunca foi) de caixa dois, mas
de um esquema de corrupção em larga escala, usando dinheiro público e
privado (ou alguém acha que Marcos
Valério é mesmo o grande mecenas
dos "mercenários"?).
O novo presidente petista, Tarso
Genro, primeiro a admitir que a antiga direção torrou "o patrimônio ético
do partido", prega uma investigação
"sistêmica". Se mantiver a coerência,
a investigação terá que cutucar o governo e o "sistema" montado por Delúbio Soares, porque, como é igualmente óbvio, não estava a serviço do
partido apenas, mas também do governo (para comprar votos no Congresso).
E aí? Entregar José Dirceu resolve
tudo, caro Tarso?
@ - crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: DESCRIMINALIZAR O ABORTO Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: É hora de racionalidade Índice
|