São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Momento de verdade

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Belíssima a retomada do desenvolvimento promovida pelo governo. Passamos a semana sob a ameaça de um colapso no abastecimento, caminhoneiros na estrada, aumento de violência nas duas principais cidades do país.
Pergunta: e o novo ministério que salvaria o marasmo de FHC, impotente para fazer o que diz e dizendo cada vez mais o que não pode ou não quer fazer?
Estamos chegando a um momento de verdade. Não adianta procurar causas e soluções lá fora. Bem ou mal, parece que a entrada de Armínio Fraga no Banco Central, se não resolveu, ao menos deu alguma segurança na desvantajosa situação nacional.
Antes tínhamos a desvantagem aliada à insegurança. Agora, continuamos em desvantagem, mas fixamos o placar. É como perder de 5 a 0 e soltar foguete porque não estamos perdendo de 10 a 0.
A crise está estourando aqui dentro mesmo, com parcelas da sociedade cada vez maiores reclamando do blablablá de um presidente que toda hora se diz indignado diante da situação que ele próprio criou. Uma crise que não é mais específica, limitada por um ato ou um fato. A crise atual não se confinou nas repartições do governo. Ganhou o ar livre das estradas. É um somatório de crises.
Discutiu-se durante algum tempo se o governo deveria optar entre o desenvolvimento e a estabilidade. Como tudo neste governo, o debate limitou-se à saliva dos interessados. Na prática, ficamos sem desenvolvimento e estamos ficando sem a estabilidade.
As estatísticas apresentadas oficialmente perdem credibilidade. O custo de vida e os índices de desemprego estão sendo manipulados pelo governo. E desmentidos diariamente pela realidade de cada dia.



Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: A voz rouca das ruas
Próximo Texto: Luciano Mendes de Almeida: Semana da família
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.