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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Coragem
"Compartilho das mesmas impressões do colunista Janio de Freitas para a questão dos desaparecidos na guerrilha do Araguaia. Somente a soberba, a postura de que são os guardiões da virtude e outras motivações escusas e "escuras" explicariam o fato de as Forças Armadas negarem às famílias dos brasileiros e brasileiras o direito de enterrar esses corpos, mesmo que eles não existam mais por conta de possíveis atrocidades. As feridas continuarão abertas, sangrando. Forças Armadas, cadê a coragem que não faltou quando esses brasileiros e brasileiras foram mortos? Pior que a soberba das Forças Armadas é ver o governo Lula concordar com essa instituição para não abrir os arquivos que permitiriam localizar esses corpos. Lula, que tal incorporar a coragem do atual presidente da Argentina, pelo menos nessa questão?"
João Carmo Vendramim (Campinas, SP)

Do crédito escasso
"É velho o argumento dos banqueiros e de seus representantes, como o prof. Roberto Luis Troster, para justificar a escassez de crédito em nosso país ("Brasil, no tranco, pega!", "Opinião Econômica", pág. B2, 29/8). O remédio, é claro, consiste na concessão de benefícios ao setor, que vão do aumento na disponibilidade de liquidez à redução da chamada cunha fiscal. O curioso é que não se toca no assunto da ineficiência dos bancos no Brasil e da estrutura de mercado imperfeita sob a qual o setor opera, muito menos no fato de que a maior parte do "spread" bancário consiste no lucro do banco. Maior liquidez não significa, necessariamente, maior concessão de crédito, prof. Troster. Num contexto como o brasileiro, no qual os títulos públicos possuem alta rentabilidade e segurança, por que os bancos iriam direcionar o total de recursos suplementares à concessão de crédito? Numa economia monetária de produção, prof. Troster, os bancos não são meros intermediários neutros entre os agentes superavitários e deficitários da economia. São, sim, instituições que irão buscar a apropriação e valorização da riqueza enquanto tal, conformando os seus portfólios de acordo com as suas expectativas em relação ao futuro, incerto por natureza. Choque de liquidez e férias tributárias para alguns impostos: só se for para o povo."
Giuliano Contento de Oliveira (São Paulo, SP)

Sem espetáculo
"Parece que a equipe médica do governo cometeu alguma falha no tratamento da economia do país, forçando o "Planalto Hall" a alterar sua programação: em vez do "Espetáculo do Crescimento" prometido pelo diretor-geral, está sendo encenada a peça "A Recessão"."
Pedro Alberto de Araújo Lima (Brasília, DF)

Âmbito ideológico
"Então, o presidente Lula afirmou que nunca gostou de ser identificado como de esquerda. Pena que esqueceu de avisar seus "companheiros" de caminhada. Vivendo e aprendendo, não é mesmo?"
Leila E. Leitão (São Paulo, SP)

Reformar a reforma
"Como cidadão brasileiro e servidor público, espero que o Senado não aja como um mero "órgão carimbador" da reforma da Previdência aprovada pela Câmara. Há questões fundamentais que não foram resolvidas, como o subteto do servidores estaduais, cargos de carreira que ficaram vinculados aos vencimentos de cargos políticos, no caso os governadores dos Estados. Como se sabe, os chefes dos Poderes Executivos não dependem de seus vencimentos para sobreviverem dignamente, enquanto os servidores de carreira, sim. Não é outra a razão para que o teto dos servidores da União tenha sido vinculado aos vencimentos dos ministros do STF. É uma simples questão de coerência e não há motivo justificável para que os subtetos do servidores estaduais não tenham o mesmo tratamento de seus colegas funcionários federais. Do contrário, estaremos criando servidores de primeira e de segunda classes."
Jan Luiz Parellada (Assis, SP)

Perpétua
"Retirado o bode da sala, nossos congressistas estão engolindo, em caráter permanente, a famigerada CPMF. A CPMF é um imposto escorchante, cumulativo e de preguiçoso. Se o governo quer arrecadar mais, que combata a sonegação e o resultado virá, sem a necessidade de punir a todos. Ou nossos congressistas se esqueceram daqueles que os elegeram ou são reféns de verbas aos seus redutos eleitorais -são as únicas explicações plausíveis. Não tem cabimento a comunidade, produtiva ou não, ser confiscada em 36% do seu ganho. A reforma tributária em tramitação não atende à expectativa brasileira, é uma autêntica trapalhada com dispendiosa perda de tempo objetivando elevar ainda mais a arrecadação."
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)

Natalidade responsável
"Preciso, pertinente e de extrema lucidez o artigo "De volta à natalidade" (Ilustrada, 23/8), de Drauzio Varella. Há muito tempo os dirigentes brasileiros deveriam ter implantado um controle da natalidade em nosso país. Qual classe social mais contribuiu para o elevado aumento populacional nas últimas décadas se não justamente aquela que não tem condições nem sequer de ter um único filho? Mas provavelmente não haja interesse em implantação de programas efetivos de controle da natalidade pela classe política dominante. Muitos desses políticos que se locupletam do poder jamais seriam eleitos por um povo mais culto e menos miserável."
Auro C.Oliveira (São Paulo, SP)

Água é ouro
"Qual a contrapartida que a população, especialmente a da periferia, vai receber pelo brutal aumento de quase 20% na conta de água em São Paulo? E o racionamento iminente? O rodízio informal que nunca acabou nos bairros distantes? Os rios imundos que cortam nossa cidade? A falta de esgoto tratado em milhares de casas e barracos?"
Luís Cláudio Virgílio (São Paulo, SP)

Alicerce
"O governador Geraldo Alckmin em artigo na seção "Tendências/Debates" (pág. A3, 24/8) inicia afirmando: "Boa educação não se constrói com cimento, tijolos e prédios faraônicos. Boa educação se faz com bons professores, motivação, criatividade e respeito". Essas afirmações contrastam com a situação salarial do professor com piso de R$ 640, que desvaloriza o profissional e, consequentemente, o exercício do magistério."
Rodolpho Pereira Lima (Bauru, SP)

Pesos e medidas
"Percebo o quão sem importância é a vida de um brasileiro! Será que um pedreiro fatalizado ao cair de um andaime, deixando os seus desprovidos de recursos até para se alimentar, merece igual atenção e indenização suplementar por meio de decreto, como no caso das vítimas do acidente na base de Alcântara? É pena que ele não esteja em evidência!"
Marcelo Benatti (São Paulo, SP)

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