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Quem é sem rumo mesmo?
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - O governador Tasso Jereissati (CE) é um dos principais cardeais do PSDB, tanto que é continuamente citado como "presidenciável",
ao lado de Mário Covas e do ministro
José Serra (Saúde).
Pois não é que Tasso Jereissati sabe
que o modelo em execução é "ruim",
mas confessa não ter a mais remota
idéia de o que pôr no lugar?
Fiquei esperando para ver a reação
dos governistas em geral e do presidente da República em particular. Estava certo de que iam gritar: "sem rumo, sem rumo".
Nada. FHC até concordou, em parte,
com Tasso, durante a sua própria entrevista, ao programa dominical de
Boris Casoy na Record. Reconheceu
que o país estava no "limite".
Mas, sobre Tasso, até festejou, com
incontida alegria, o fato de o governador do Ceará nada propor para substituir o que é "ruim" e conduziu a sociedade ao "limite".
Se Tasso fosse do PT, do PDT ou do
PC do B, todas as metralhadoras verbais dos de sempre estariam voltadas
contra ele, cobrando o fato de criticar
sem oferecer alternativas. Se até jornalistas da Folha são sistematicamente
acusados de criticar sem propor, como
se a eles coubesse governar, imagine-se o grau de cobrança que deveria haver em cima de quem tem acesso direto e constante à mente e ao coração do
presidente.
Mas, não. Nada aconteceu. Tasso
tem o direito de não ter rumo sem ser
por isso acusado de o que quer que seja. Ao contrário, merece até a concordância do próprio presidente e de outro tucano de pelugem lustrosa, seu
colega Mário Covas, que ouviu na fala
do governador do Ceará a voz de todo
o PSDB.
Fica clara a tremenda hipocrisia de
uma ponderável fatia dos políticos
brasileiros e de governistas de plantão
na mídia. Se a oposição faz o que Tasso fez, é sem-rumo. E que rumo tem
um governo que segue um modelo
"ruim" e levou o país ao "limite"?
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