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Vôo cego
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Os tucanos, quem diria, começam a botar as asinhas de fora. E de
fora mesmo, no sentido literal. Todo
dia sai um do PSDB, o partido do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Parece que não se fazem mais políticos como antigamente. O mais comum era todo mundo pular dentro do
partido do presidente e não fora, como
agora. Podia-se até sair na reta final,
nunca faltando mais de três dos quatro anos de governo.
Ou os políticos estão cada vez mais
abnegados e não dão muita bola para
o poder, ou... algo vai mal no PSDB e
principalmente no governo.
O empresário, ex-secretário e atual
deputado Emerson Kapaz (SP) preferiu o PPS. O ex-presidente do partido,
senador Artur da Távola (RJ), segue o
mesmo rumo. O grupo do senador
Paulo Hartung (ES) está sai-não-sai
para o mesmo PPS. O ex-governador e
atual senador Carlos Wilson (PE) deve ir para o PTB.
Em entrevista a Boris Casoy, no domingo à noite, FHC desdenhou: os tucanos estão batendo asas porque têm
projetos eleitorais imediatos. Em parte, é verdade. Só em parte.
Kapaz e Wilson querem mesmo disputar as eleições municipais, mas não
parece ser o caso de Távola nem de
Hartung.
Além das eleições, dois outros fatores
empurram os tucanos para outros ninhos: a confusão política nos Estados
com os acordos para a reeleição de
FHC e a desidratação ideológica do
PSDB.
Criado em 88 no rastro de uma constituinte, com a bandeira do parlamentarismo e arregimentando quadros de
elite do país, o PSDB não suporta o peso dos aliados.
Quem perde duplamente é o ministro José Serra (Saúde), se é que pretende mesmo se candidatar à Presidência
da República. Távola, Kapaz e Hartung têm duas coisas em comum: são
muito próximos a Serra e escolhem como destino o PPS. De quem? De Ciro
Gomes.
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