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Editoriais
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Correção de rota
FOI EQUIVOCADA a primeira
reação do governo brasileiro às dificuldades que a crise
provocou no setor de construção
civil. Felizmente, já se esboça
uma correção de rota, embora
aspectos indesejáveis da proposta inicial ainda peçam revisão.
A medida provisória 443, enviada ao Congresso na semana
passada, incluiu a autorização
para que a Caixa Econômica Federal, através de uma subsidiária, compre participações em
empresas do setor de construção
civil. A reação à proposta foi negativa: entre as empresas do setor, no Congresso Nacional e entre especialistas.
A proposta do governo partiu
da premissa incorreta de que as
construtoras estão sob risco de
insolvência. O que falta às construtoras é crédito para girar seus
negócios. Em contraste com o
setor financeiro, elas não estão
sujeitas a uma crise de confiança.
O que pode acometer o setor
de construção é um processo de
concentração do mercado. Essa
tendência já estava presente e foi
reforçada pela paralisia do crédito. Caberia ao BNDES apoiar,
criteriosamente, a rodada de fusões e aquisições que se prenuncia em um setor que ainda é composto por um número muito
grande de empresas.
No momento, o governo acena
com duas novas propostas, mais
adequadas. A primeira é o Tesouro abrir mão, por algum tempo, dos dividendos a que teria direito como acionista da Caixa. Os
recursos garantiriam empréstimos do banco estatal para construtoras, reduzindo o risco de
prejuízos nessas operações. A segunda é liberar até 5% dos recursos em cadernetas de poupança
para o crédito às empreiteiras.
Apoiar dessa forma o setor da
construção, que é muito importante para a geração de empregos, é bem mais saudável do que
transferir um bom pedaço dele
para as mãos do setor público,
que não está apto a cumprir esse
papel de empresário.
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