São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Editoriais

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Correção de rota

FOI EQUIVOCADA a primeira reação do governo brasileiro às dificuldades que a crise provocou no setor de construção civil. Felizmente, já se esboça uma correção de rota, embora aspectos indesejáveis da proposta inicial ainda peçam revisão.
A medida provisória 443, enviada ao Congresso na semana passada, incluiu a autorização para que a Caixa Econômica Federal, através de uma subsidiária, compre participações em empresas do setor de construção civil. A reação à proposta foi negativa: entre as empresas do setor, no Congresso Nacional e entre especialistas.
A proposta do governo partiu da premissa incorreta de que as construtoras estão sob risco de insolvência. O que falta às construtoras é crédito para girar seus negócios. Em contraste com o setor financeiro, elas não estão sujeitas a uma crise de confiança.
O que pode acometer o setor de construção é um processo de concentração do mercado. Essa tendência já estava presente e foi reforçada pela paralisia do crédito. Caberia ao BNDES apoiar, criteriosamente, a rodada de fusões e aquisições que se prenuncia em um setor que ainda é composto por um número muito grande de empresas.
No momento, o governo acena com duas novas propostas, mais adequadas. A primeira é o Tesouro abrir mão, por algum tempo, dos dividendos a que teria direito como acionista da Caixa. Os recursos garantiriam empréstimos do banco estatal para construtoras, reduzindo o risco de prejuízos nessas operações. A segunda é liberar até 5% dos recursos em cadernetas de poupança para o crédito às empreiteiras.
Apoiar dessa forma o setor da construção, que é muito importante para a geração de empregos, é bem mais saudável do que transferir um bom pedaço dele para as mãos do setor público, que não está apto a cumprir esse papel de empresário.


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