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CLÓVIS ROSSI
Marolinha, gripinha, quedinha
SÃO PAULO - Tudo começou com
uma "marolinha". Faz menos de
um mês, no dia 4 passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia que o que era um tsunami, nos
Estados Unidos, no Brasil viraria
mera "marolinha".
No dia seguinte, a ministra Dilma
Rousseff, candidata "in pectore" de
Lula para sua sucessão, dizia que,
no máximo, o Brasil sofreria uma
"gripe pequenininha" como decorrência do tal tsunami.
Não estamos falando do ano passado nem mesmo do mês passado,
mas deste outubro em que a crise
ganhou alucinante velocidade e desafiou todos os prognósticos dos
economistas metidos a sábios.
Agora, fim de mês, vem finalmente o ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, colocar um mínimo de sentido comum na Planalto
Palpitaria S.A.
"Acho que vamos ficar perto de
4% [de crescimento em 2009], ou
um pouco menos", disse o ministro
ontem. Teve ainda o bom senso adicional de dizer que tem um monte
de gente mencionando (poderia ter
dito chutando) "números completamente diferenciados. Tem gente
falando em 2,5%. Tem gente que fala em 3,8%, e o próprio FMI já falou
em 3,7%".
Poderia ter acrescentado que entre o crescimento máximo "chutado" (os 4%) e o mínimo, também
"chutado" (2,5%), a diferença em
dólares é ponderável: US$ 15 bilhões, grosso modo, a somar ou a tirar da economia.
Qualquer que seja o número final
do crescimento-2009, já não dá para dizer que é apenas "marolinha"
ou "gripinha".
É claro que não se espera das autoridades que sejam pessimistas. Se
o cenário já é complicado do jeito
que está, você já imaginou se o presidente da República sair por aí dizendo "ai, que crise, meu Deus, o
que eu faço"?
Mas um pouco de cautela enquanto o tsunami está ainda arrebentando faz bem à credibilidade.
crossi@uol.com.br
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