São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Marolinha, gripinha, quedinha

SÃO PAULO - Tudo começou com uma "marolinha". Faz menos de um mês, no dia 4 passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia que o que era um tsunami, nos Estados Unidos, no Brasil viraria mera "marolinha".
No dia seguinte, a ministra Dilma Rousseff, candidata "in pectore" de Lula para sua sucessão, dizia que, no máximo, o Brasil sofreria uma "gripe pequenininha" como decorrência do tal tsunami.
Não estamos falando do ano passado nem mesmo do mês passado, mas deste outubro em que a crise ganhou alucinante velocidade e desafiou todos os prognósticos dos economistas metidos a sábios.
Agora, fim de mês, vem finalmente o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, colocar um mínimo de sentido comum na Planalto Palpitaria S.A.
"Acho que vamos ficar perto de 4% [de crescimento em 2009], ou um pouco menos", disse o ministro ontem. Teve ainda o bom senso adicional de dizer que tem um monte de gente mencionando (poderia ter dito chutando) "números completamente diferenciados. Tem gente falando em 2,5%. Tem gente que fala em 3,8%, e o próprio FMI já falou em 3,7%".
Poderia ter acrescentado que entre o crescimento máximo "chutado" (os 4%) e o mínimo, também "chutado" (2,5%), a diferença em dólares é ponderável: US$ 15 bilhões, grosso modo, a somar ou a tirar da economia.
Qualquer que seja o número final do crescimento-2009, já não dá para dizer que é apenas "marolinha" ou "gripinha".
É claro que não se espera das autoridades que sejam pessimistas. Se o cenário já é complicado do jeito que está, você já imaginou se o presidente da República sair por aí dizendo "ai, que crise, meu Deus, o que eu faço"?
Mas um pouco de cautela enquanto o tsunami está ainda arrebentando faz bem à credibilidade.

crossi@uol.com.br



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