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ELIANE CANTANHÊDE
Um Lula-nos-acuda
BRASÍLIA - José Sarney enfrentou uma eleição difícil no Amapá e
está indo ladeira abaixo no Maranhão. Renan Calheiros... bem, dispensa comentários depois do tombo. E os dois nunca brincam em serviço. Você acha mesmo que eles vão
deixar a presidência do Senado para
o petista Tião Viana? Como diria o
outro, duvide-o-dó.
Para Sarney, a presidência do Senado é como um último bastião. Para Renan, a maneira de continuar
influente, mesmo que nos bastidores. E eles têm um argumento: o de
que Tião foi algoz ou decisivo aliado
dos algozes quando Renan periclitou e caiu da presidência.
Renan alega que não pode ser
Tião, OK, mas equivale a dizer que
não pode ser o PT, que não é nenhuma Brastemp no Senado. Que outro
petista seria? Ideli Salvatti? Já o
PMDB foi o grande vitorioso das
eleições municipais e é o maior partido no Senado e na Câmara, daí reivindicar as duas presidências.
Quem deve estar sem dormir é o
deputado Michel Temer (PMDB).
O acordão governista para que ele
assuma a presidência da Câmara
deixou implícito (mas não formalizado) que a presidência do Senado
iria para o PT. Assim: o PMDB com
Temer na Câmara e o PT com Tião
no Senado. E, se rompe de um lado,
acaba rompendo de outro. Um Lula-nos-acuda.
A equação PMDB-PT no Congresso é importantíssima, porque
interfere diretamente no equilíbrio
governista e pode gerar fraturas,
mágoas terríveis e dívidas mais terríveis ainda -para o Planalto, que
tem o "Diário Oficial" e é, digamos,
o "patrocinador" da disputa.
Lula sabe melhor do que ninguém que o PMDB é forte no Congresso, nos Estados, nos municípios
e tem o maior tempo de TV nas eleições. Pior: é muito consciente do
seu poder, sabe cobrar caro e tem
donos demais e unidade de menos.
Pode ficar em 2010 com Lula-Dilma, pode ir para Serra-PSDB. O impasse no Congresso é hoje, mas o temor é dos efeitos amanhã.
elianec@uol.com.br
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