São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Soluço como metáfora

SÃO PAULO - Eleito já no primeiro turno, Geraldo Alckmin gastou quase três meses para escolher sua equipe. A montagem do secretariado foi concluída apenas ontem, na bacia das almas. Na semana passada, sob pressões várias, o governador foi acometido por uma crise de soluços que o levou ao hospital.
Tanta demora e tantos soluços traduzem as dificuldades do tucano para equacionar os tantos interesses que concorriam à sua volta.
Alckmin talvez não tivesse nenhuma razão para agradar a Serra, por quem foi sempre menosprezado. Serra agora também não tem nenhuma razão para estar satisfeito com o novo secretariado tucano.
Dos 7 secretários (de um total de 26) que permanecem da gestão atual, nenhum pode ser considerado "serrista". Alckmin fechou as portas a Luiz Antônio Marrey (Justiça), despachou Paulo Renato Souza (Educação) e acabou dando um drible nas pretensões de Alberto Goldman, que queria o Saneamento e teve que recusar a Cultura.
O alckmismo volta ao poder praticamente como saiu. O xerife Saulo de Castro Abreu agora dirige os Transportes. E Gabriel Chalita, mesmo fora do ninho, indicou dois novos secretários. Após soluçar, Alckmin fechou (e se fechou) com a sua turma de sempre, deixando ao relento o tucanato uspiano.
Juntaram-se aos "alckmistas" as indicações do varejão partidário, feitas na hora da xepa. Com destaque para o retorno do secretário da Saúde de Celso Pitta, Jorge Pagura (PTB), acomodado em Esportes, e a ida do cacique do PSB local, Márcio França, para o Turismo, depois que Dilma o rejeitou para o ministério.
A crise de soluço de Alckmin foi uma reação sintomática ao estresse para montar seu secretariado. O resultado desse processo desgastante, no entanto, também se assemelha a um soluço. Além de voltar ao poder, o que Alckmin almeja, para onde aponta, o que projeta com esse time? Soluços no horizonte...
Desejo a todos, e ao governador, um 2011 bacana, sem soluços!


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