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Comissão do Planalto pede saída de Lupi

Em decisão inédita, órgão diz que ministro não explicou de forma satisfatória suspeitas de irregularidades na pasta

Recomendação segue para avaliação da presidente Dilma e torna mais delicada a situação do pedetista

DE BRASÍLIA

A Comissão de Ética Pública recomendou à presidente Dilma Rousseff a exoneração de Carlos Lupi do cargo de ministro do Trabalho.

A decisão é inédita e tornou a situação do ministro, há quase um mês no centro de revelações de irregularidades, ainda mais delicada.

Dilma foi pega de surpresa e deverá analisar o pedido após ler seu teor hoje, antes de viajar para a Venezuela.

Segundo assessores próximos, ela pode decidir pela substituição interina de Lupi pelo número 2 da pasta, Paulo Roberto dos Santos Pinto.

"A comissão entendeu que ele não tinha explicado a base das acusações, que era a série de convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido", afirmou Sepúlveda Pertence, presidente da comissão.

Questionado sobre o que acontecerá caso Dilma não o exonere, Pertence disse: "Eu não sei. Estou preparado para enfrentar o que der e vier. Mas o poder é da presidente, não da comissão. Ela é quem sabe das conveniências éticas e políticas de manter ou não o ministro".

A recomendação foi feita pelos cinco (dos seis) integrantes da comissão presentes à reunião. Não foi apontado um motivo específico, apenas o artigo do Código de Conduta da Alta Administração Federal que permite à comissão dar ao gestor público uma advertência, censura ou sugestão de exoneração.

Sepúlveda afirmou ainda que Lupi deu "explicações não satisfatórias" e "resposta inconveniente" à própria comissão e ao Congresso.

Até aqui, o governo tinha decidido postergar a saída de Lupi até a reforma ministerial prevista para o início do ano que vem.

Dilma recebeu a informação sobre a decisão da comissão no início da noite, quando estava reunida com o ministro Guido Mantega (Fazenda) para fechar medidas de estímulo à economia.

Em seguida, chamou uma reunião de emergência em seu gabinete com sua equipe palaciana e decidiu não tomar posição oficial antes de ler o ofício da comissão.

O ministro, procurado, disse que não iria fazer nenhum comentário até ler o texto.

A decisão surpreendeu até aliados. "Não sei se é fatal, mas é uma bala", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR). No início do mês, no Congresso, Lupi chegou a dizer que só sairia "abatido a bala". O PSDB e o PPS pediram sua saída imediata.

Segundo a Folha apurou, as respostas consideradas insatisfatórias somaram-se a uma animosidade já existente entre a comissão e Lupi.

Em 2007, a comissão havia recomendado que ele escolhesse ou o cargo de ministro ou a presidência do PDT. Ele resolveu apenas se licenciar da chefia da sigla, num ato que foi visto como desprezo institucional.

Também contribuiu para a decisão o tom duro das conclusões apresentadas pela relatora Marília Muricy.

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