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FMI e analistas do mercado rebaixam previsões para PIB

Economistas brasileiros preveem crescimento de 1,9% neste ano; Fundo Monetário reduz projeção para 2,5%

Estagnação da atividade econômica aproxima estimativas de cenário que ministro classificou como 'piada'

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Os efeitos da crise externa e sinais de que a economia brasileira continua fraca levaram o FMI (Fundo Monetário Internacional) e os maiores bancos e consultorias do país a rever novamente para baixo suas projeções para o crescimento deste ano.

Pesquisa semanal do Banco Central, que reúne projeções de cem bancos e consultorias, mostra que os analistas já preveem crescimento de 1,9% neste ano.

A marca é inferior ao que estima o Banco Central (2,5%) e mais próxima de um cenário menosprezado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, há cerca de um mês.

No dia 20 de junho, o banco Credit Suisse reviu sua projeção para o crescimento do Brasil de 2% para 1,5%. Ao ser informado, Mantega afirmou que a projeção era "uma piada" e disse que o país vai crescer mais do que isso.

Hoje o dado não é mais coisa rara no mercado. O economista Sérgio Vale, da consultoria MB Associados, diminuiu ontem sua estimativa de crescimento de 2% para 1,5%.

Na semana passada, estimativas divulgadas pelo BC indicaram que o PIB (Produto Interno Bruto) continuou estagnado em maio e fizeram os analistas rever os números.

"Junho também deve vir muito fraco", diz Vale. Segundo ele, a indústria repetiu desempenho ruim no mês passado. "Está caindo a ficha que o cenário é complicado."

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O FMI reduziu a projeção de 3,1% para 2,5%. Ela é mais otimista do que a de analistas brasileiros, como é habitual, mas o corte de 0,6 ponto porcentual foi um dos maiores feitos pelo Fundo.

"No caso do Brasil, houve algumas questões sobre quão eficaz seria a transmissão [para o setor bancário] do relaxamento monetário [corte de juros]", afirmou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard.

"Agora, porém, achamos que esses problemas estão mais sob controle, e que os bancos se ajustaram. Nossa expectativa é de [haver] uma estabilização e depois um avanço dos emergentes."

Para economistas brasileiros, o corte de juros não será suficiente para produzir um crescimento maior neste ano.

"Sobre 2012, não se tem muito a fazer", diz Octavio de Barros, diretor de estudos econômicos do Bradesco.

Ele observa que, além da piora global, o Brasil foi afetado por fatores que retiraram fôlego do seu crescimento, como a seca no Nordeste e Sul, que não devem se repetir no ano que vem.

O FMI também tem estimativa mais positiva para a economia brasileira no futuro e aumentou sua projeção para o crescimento do país em 2013, de 4,1% para 4,6%.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, o governo deveria aumentar seus gastos: "Não se trata de falta de dinheiro, é medo", justificou. "A situação hoje exige gasto autônomo do governo."

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