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Eleições 2012

Ausente, Russomanno vira alvo em debate promovido pela igreja

Haddad diz que presidente do PRB ofendeu católicos; cardeal condena mistura de fé e política

Serra afirma que líder das pesquisas não apresenta propostas; Chalita diz que ele faz promessas 'populistas'

Joel Silva/Folhapress
Soninha Francine (PPS), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) no debate promovido pela Arquidiocese de São Paulo
Soninha Francine (PPS), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) no debate promovido pela Arquidiocese de São Paulo

DE SÃO PAULO

Em rota de colisão com a Igreja Católica, o líder da corrida à prefeitura, Celso Russomanno (PRB), faltou ao debate promovido ontem pela Arquidiocese de São Paulo e virou alvo de críticas de adversários e religiosos.

O arcebispo dom Odilo Scherer afirmou em discurso que reprova a transformação de igrejas em "currais eleitorais" e que os católicos não serão usados para garantir votos "de cabresto".

O cardeal também leu trecho de nota divulgada semana passada em que critica a "manipulação e instrumentalização da religião" em busca do poder político.

No texto original, ele acusa Marcos Pereira, coordenador da campanha de Russomanno e bispo da Igreja Universal, de divulgar ideias "ridículas, confusas e desrespeitosas" aos católicos.

Em nova nota divulgada ontem, a arquidiocese disse lamentar "profundamente" a ausência do candidato. Dom Odilo marcou encontro com ele para este sábado.

No debate, Gabriel Chalita (PMDB) acusou o líder da disputa de sugerir "medidas populistas" e disse que ele faltou por não ter propostas.

Em entrevista após o evento, Fernando Haddad (PT) também atacou Russomanno e disse que sua falta "alimenta" o atrito com a igreja.

"Lamentei a ausência. Era uma oportunidade de fazer um gesto de humildade em razão da agressão cometida por um correligionário dele, completamente indevida."

O petista fez referência ao texto de Marcos Pereira que irritou a arquidiocese por vincular os católicos à polêmica do chamado "kit gay".

José Serra (PSDB) disse que a falta de Russomanno era "previsível" porque ele não gosta de "debate de ideias".

"Eu até agora não vi propostas. É possível até que tenha, mas não explicitou."

Religiosos que participaram do debate se solidarizaram com a reação do cardeal e criticaram Russomanno.

"A ausência é lamentável. Acredito que ele não veio por orientação do partido", disse o padre José Geraldo Rodrigues. "O pessoal não precisa mais de cabresto para votar."

O padre Julio Lancelotti defendeu a nota de dom Odilo lida em missas no fim de semana. "Nosso arcebispo tem sido bastante corajoso ao defender a igreja de ataques infundados", afirmou.

Durante o debate, Serra e Haddad divergiram sobre o tratamento da prefeitura a moradores de rua no centro.

O petista chamou a gestão Gilberto Kassab (PSD) de "higienista" e "autoritária". O tucano disse que policiais acusados de maus-tratos estão "em vias de ser demitidos".

Em outro momento, Haddad criticou a política municipal de educação e cobrou parcerias com o governo federal no setor.

Em resposta, Serra afirmou que ele entregou menos creches do que prometeu como ministro da Educação dos governos Lula e Dilma.

(BERNARDO MELLO FRANCO, LUIZA BANDEIRA E PAULO GAMA)

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