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O homem da jaqueta de couro

OS MANUAIS de etiqueta fashion andam defasados na seção estratégia de campanha. Muitos consultores e analistas, presos a regras de manuais de estilo caducos, acabam vendo como simples tropeço o que, na verdade, são boas artimanhas visuais dos candidatos.

Líder das pesquisas de intenção de voto em São Paulo, Celso Russomanno (PRB) tem sido o mais criticado por seu visual.

O candidato merece uma análise detalhada: tem sido lembrado por usar "looks" que se assemelham aos dos pastores evangélicos modernos e por estar sempre de cabelos pintados e engomadinhos.

Porém, observando as fotos e vídeos de sua campanha, há um elemento específico que salta aos olhos. Durante visitas a feiras e centros comerciais, Russomanno repetiu algumas vezes uma jaqueta de couro marrom.

Jaquetas de couro não são muito comuns entre políticos. Para os analistas, dão ideia de uma rebeldia juvenil inconveniente em tempos de campanha eleitoral.

A tal jaqueta fazia parte do figurino de Russomanno em seu quadro de defesa do consumidor na Record.

Russomanno se apresenta diante do eleitor com a mesma imagem de "patrulheiro" do consumidor que criou para as telas.

XERIFE

De terno, com ou sem gravata, oscila entre as imagens do missionário das trocas capitalistas e do empresário benfeitor. Mas, quando veste a jaqueta, assume sua identidade de xerife durão.

Se o visual de Russomanno chama a atenção, é porque sua política estética é personalista e faz uso dos códigos visuais da mídia televisiva, que andam de mãos dadas com a fantasia.

A ideia do figurino é dizer que uma das facetas do candidato é a de um "herói" com a tarefa de manter a paz nas negociações de compra e venda, em seus mais diversos formatos.

Nesse contexto, a jaqueta de couro equivale a um uniforme superpoderoso, capaz de fixar a imagem que está sendo transmitida. Santa engenhosidade, Batman!