São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011

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Correios mudam regra para trocar chefias

A pedido de Dilma, direção da estatal permitirá que servidores de outros órgãos possam ter cargos de comando

"Não existe motivação técnica que sustente essa medida", diz Luiz Menezes; empresa nega aparelhamento pelo PT

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

A pedido da presidente Dilma Rousseff, a direção dos Correios mudou seu estatuto para permitir que funcionários concursados de outros órgãos possam atuar na estatal em cargos que até então eram exclusivos de servidores da empresa.
A alteração depende ainda de decreto presidencial e gerou críticas entre representantes dos trabalhadores. Segundo eles, a medida pode resultar no aparelhamento político dos Correios pelo PT, hoje no comando da estatal.
Um atrativo dos Correios é o salário. Como a empresa é pública de direito privado, não há teto como o funcionalismo. O vencimento de um diretor chega a R$ 33 mil.
O servidor cedido à estatal poderá escolher o que vai ganhar: receber os vencimentos de seu emprego de origem mais uma comissão de 60% sobre o valor ou optar pelo salário da empresa.
Cargos como superintendente-executivo, chefe de departamento e diretor regional, ligados à diretoria geral, poderão ser ocupados por servidores de outros órgãos federais das administrações direta e indireta.
Nas vagas sem vinculação direta com a diretoria executiva será permitido requisitar funcionários concursados de Estados e municípios.
Atualmente, apenas o presidente e os seis diretores dos Correios, que passarão a ser classificados como vice-presidentes, podem ser de fora do quadro da empresa. Cada diretor tem ainda direito de contratar um assessor de fora da estatal.
"A mudança é para permitir o aparelhamento da empresa. Não existe hoje motivação técnica que sustente essa medida", diz Luiz Alberto Menezes, presidente da Associação dos Profissionais de Nível Superior, Técnico e Médio dos Correios.
O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, disse à Folha que a cessão é apenas uma possibilidade que foi aberta em meio a outras mudanças no estatuto.
Elas visam, segundo ele, fortalecer a empresa e seguem o que já é adotado por Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
"O objetivo não é esse [aparelhamento]. Vamos trazer trabalhadores com preparo profissional em casos específicos. O governo quer fortalecer os Correios."
O Banco do Brasil informou à Folha, no entanto, que apenas a alta direção da empresa -são nove cargos- pode ser chamado de fora do quadro do banco.
Mais uma outra medida capitaneada pela direção dos Correios foi a alteração do manual de pessoal da empresa. O documento definia critérios para ocupação de funções de chefia.
O novo comando da empresa passou a admitir também que qualquer funcionário seja promovido sem critérios específicos.

EMPRESA AÉREA
Outra mudança já feita no estatuto permitirá à empresa ser sócia ou adquirir uma empresa de logística -o que poderá resolver o gargalo do transporte de carga aérea.
Hoje, são poucas as empresas aéreas no país que fazem esse tipo de serviço. No ano passado, foram registrados vários problemas de atraso na entrega de correspondência no ano passado.
Uma das hipóteses é os Correios terem uma empresa aérea para atender especificamente sua demanda.


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