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Educador critica propostas dos candidatos para o setor
Para Mozart Ramos, presidenciáveis não discutem a qualidade da educação
Candidatos estão mais preocupados em ganhar os votos dos jovens, diz dirigente do Movimento Todos pela Educação
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
Falta clareza nas propostas para a educação dos candidatos à Presidência, afirma
Mozart Neves Ramos, presidente do Movimento Todos
pela Educação. A organização está à frente do lançamento de uma carta de compromissos para o setor feita
por 27 entidades e dirigida
aos candidatos eleitos.
Professor da Universidade
Federal de Pernambuco, Ramos diz que é preciso criar
mecanismos para punir gestores que não cumpram seus
deveres com a educação.
Folha - Qual é o objetivo da
carta de compromissos?
Mozart Neves Ramos -
Criar uma agenda para a educação que não seja de governo, mas de Estado. Há uma
clareza muito grande de que,
após a redemocratização do
país, após a economia ficar
sólida, a terceira revolução
que a gente tem de fazer é a
da educação: é preciso envolver toda a sociedade nisso.
Como o sr. vê as perspectivas
para a educação com a eleição de algum dos três principais candidatos ao Planalto?
Nenhum dos candidatos
me emocionou do ponto de
vista da educação. É quase o
mesmo discurso: Prouni, vagas nos cursos técnicos, parecem propostas muito mais
voltadas para conseguir os
votos dos eleitores jovens do
que para enfrentar de fato o
problema da qualidade da
educação. Não vi ainda uma
mensagem forte em relação a
valorizar o professor, apenas
algo vago como "o professor
é importante". Mas o que vai
fazer com ele?
A carta fala em valorização do
professor, mas há visões diferentes sobre como fazer isso.
Há Estados que têm remuneração por desempenho, mas
há muita resistência à ideia.
Como valorizar?
Precisa ter um salário inicial atraente, uma carreira
promissora, uma formação
inicial sólida e condições de
trabalho adequadas. Dentro
desse contexto, pode ter
adendos de motivação. Não
vejo o bônus como algo estruturador. Vejo como algo
que pode ser motivador desde que esses quatro eixos estejam presentes.
A carta propõe dobrar o investimento em educação como proporção do PIB. O que
deve ser feito com os recursos
adicionais?
O Brasil tem uma dívida
histórica com a educação.
Conseguimos universalizar o
ensino fundamental, mas
não nos preparamos para receber as crianças. Precisamos formar mais gente, pagar melhor e melhorar a infraestrutura das escolas. O
Brasil gasta hoje R$ 2.600 por
aluno da rede pública. Para
chegar ao patamar de México, Chile e Argentina, precisa
gastar R$ 4.000 por ano.
E por que o Brasil precisa de
uma Lei de Responsabilidade
Educacional?
O Brasil tem hoje uma crise
de "accountability" [prestação de contas]. Se uma criança não aprende hoje, se um
professor não tem condições
de fazer seu trabalho, a culpa
é de quem? É preciso responsabilizar quem deixar de fazer sua parte pela educação.
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