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ANÁLISE
Fortalecido nos Estados, PSDB se arma para enfrentar Dilma
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A realização do segundo
turno espantou o fantasma
de uma derrota acachapante
da oposição, que reagiu, se
reaglutinou e sai da eleição
sem a Presidência, mas governando dez Estados, que
reúnem mais de 50% da população. Se não venceu, também não perdeu.
É com esse arsenal e com
os cerca de 43,6 milhões de
votos de José Serra que PSDB
e DEM pretendem enfrentar o
governo Dilma Rousseff a
partir do dia 1º de janeiro.
Com um trunfo: ser oposição a Dilma tende a ser bem
mais fácil do que ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma é a primeira mulher eleita presidente, mas
não é, e dificilmente será, um
mito como Lula.
O beijo de Aécio Neves em
Serra no último comício, em
Minas Gerais, foi recebido como um ritual de transição geracional no PSDB. O primeiro
discurso de Serra depois do
anúncio da vitória de Dilma,
porém, não foi de quem está
para se aposentar.
Aos 68 anos, esta foi provavelmente a sua última eleição para presidente, mas Serra deixou pistas de que se
mantém no páreo.
Ao falar o quanto quer ser
presidente, disse: "Quis o povo que não fosse agora". E
encerrou com um grito de
guerra: "A luta continua".
Essa disposição de Serra
vai reabrir a disputa cada vez
mais ostensiva pelo poder interno no PSDB, dissimulada
durante o segundo turno.
Eleito senador, Aécio já vinha sendo aclamado mesmo
durante a eleição como o
principal líder da oposição a
Dilma e o próximo candidato
tucano a presidente.
Mas tem um passivo: a derrota de Serra é debitada, entre outras coisas, à vantagem
de quase dois milhões de votos de Dilma em Minas Gerais, considerado o Estado-chave na eleição. Foram 6,2
milhões a 4,4 milhões.
Além de Aécio, que será
oposição num Congresso
francamente governista, o
PSDB tem as lideranças
emergentes de Geraldo Alckmin, reeleito em São Paulo, e
de Beto Richa, eleito no Paraná. Ambos venceram no primeiro turno.
Aécio, Alckmin e Richa serão o trio de ouro do que Aécio chama de "transição geracional" do PSDB. O partido
tende a ser menos paulista,
mais nacional.
Isso não significa que Serra seja simplesmente alijado,
nem que Fernando Henrique
Cardoso deixe de ser a principal referência tucana.
Além de debater o futuro,
a oposição vai ter de se unir e
trabalhar intensamente para
evitar a sangria, diante de
mais quatro anos longe do
poder e de suas benesses.
As principais dúvidas recaem sobre DEM e PPS, que
vêm minguando. O DEM está
sem perspectiva e o PPS tende a acabar, sendo anexado
pelo PSDB.
Aécio vai tentar não só segurar os partidos e os políticos aliados como também
ampliar os horizontes da
oposição, fortalecendo laços,
por exemplo, com o ex-governador Ciro Gomes e parcelas do PSB.
O grande risco do líder
oposicionista em ascensão
nem é a disputa de agora com
Serra, mas sim bater de frente com a candidatura Lula
em 2014. O PSDB sentiu na
pele o que o "fator Lula" representa numa campanha
presidencial.
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