São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Derrota em MG acirra ânimos no PSDB

Candidato natural a principal estrela tucana, Aécio deve enfrentar oposição interna de Serra e líderes paulistas

"Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será?!", escreveu no Twitter o coordenador do programa tucano

CATIA SEABRA
BRENO COSTA

DE SÃO PAULO

No tabuleiro político interno do PSDB, a derrota de José Serra significa, automaticamente, a ascensão de Aécio Neves, preterido na disputa pelo Planalto. Mas Serra deu sinais, ontem, de que pretende manter no tucanato paulista o controle do partido.
A decepção com o resultado das urnas em Minas Gerais foi estopim para uma mudança de visão de Serra. O coordenador do programa de governo de Serra, Xico Graziano, expressou esse sentimento no Twitter, pouco depois das 19h.
"Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será?!", escreveu Graziano.
Em seu discurso após reconhecer a derrota para Dilma Rousseff (PT), Serra não mencionou, nem indiretamente, Aécio. Ao mesmo tempo, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi objeto dos principais agradecimentos.
Aécio Neves havia prometido a vitória do tucano no Estado, segundo maior colégio eleitoral do país. Não conseguiu. Serra conquistou apenas 1,1 milhão de votos a mais no Estado em relação ao primeiro turno. O crescimento do tucano foi menor que o de Dilma. A petista teve mais 1,2 milhão de votos.

CONCILIAÇÃO
Nas horas seguintes à confirmação da derrota de Serra, o discurso de grão-tucanos era no sentido de evitar um racha no partido. Para Tasso Jereissati (CE), próximo a Aécio, o mineiro fez sua parte.
"Serra não pode ficar aborrecido com o Aécio, porque ele deu provas diárias de seu empenho", disse.
Para o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do partido, a saída de Aécio da disputa pelo Planalto, em dezembro passado, gerou um sentimento de frustração na população mineira. Aécio goza de mais de 70% de popularidade no Estado.
Para evitar uma crise no calor da eleição, a escolha do novo presidente do PSDB foi adiada em seis meses, de novembro para maio de 2011.
Além da chamada "despaulistanização", o partido discutirá a reconstrução de sua imagem e do discurso.
Aécio, em nota, elogiou o desempenho de Serra e fez uma diferenciação entre resultado eleitoral e político.
"Ao contrário do que pode parecer para muitos, o resultado de uma eleição não se resume a quem venceu e a quem perdeu. Há o resultado político e o resultado eleitoral, que nem sempre têm o mesmo significado."
Tucanos avaliavam, até ontem, como natural a chegada de Aécio ao comando do partido. Governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, mergulhado na gestão do Estado, não seria obstáculo ao seu plano de disputar a sucessão de 2014.
Em seu discurso, ontem, Serra deixou no ar a possibilidade de voltar a se candidatar a um cargo público. Mesmo a Presidência não foi descartada pelo tucano.
Serra havia avisado a aliados, antes mesmo da campanha, que seria sua última candidatura a um cargo no Executivo caso não vencesse. Serra se recusava até a ouvir a hipótese de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Ontem, contudo, em seu discurso após reconhecer a derrota para Dilma, disse que o fracasso nas urnas representava um "até logo".


Colaborou DANIELA LIMA, de São Paulo


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