São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Serra vai ao exterior e deixa PSDB com Aécio

Paulista tira férias para decidir futuro enquanto mineiro se cacifa para assumir partido e concorrer à Presidência

Para ser competitivo em 2014, partido ampliará leque de aliados no país e buscará mais respaldo da opinião pública

CATIA SEABRA
BRENO COSTA

DE SÃO PAULO

Na derrota de José Serra, a ascensão de Aécio Neves. Batido numa corrida presidencial pela segunda vez, e aos 68 anos, Serra avisou a aliados, antes mesmo da campanha, que seria sua última candidatura a um cargo no Executivo caso não vencesse.
Ao longo da campanha, Serra se recusava até a ouvir a hipótese de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Segundo aliados, Serra deverá tirar férias após a eleição e decidir seu futuro na volta ao Brasil. A aposta é que passe uma temporada fora do país, dedicando-se aos estudos, e avalie seu destino.
Uma alternativa é concorrer ao Senado. Duro será atravessar quatro anos até lá.
O afastamento nasce da constatação de que Aécio deve assumir o comando do partido. Sem enfrentar resistência de um Geraldo Alckmin mergulhado no governo de São Paulo, Aécio trabalhará para atrair tucanos.
Na última sexta, logo após o debate da Globo, Aécio fez uma avaliação sobre a campanha de Serra: "Não se faz campanha sem emoção".
Outro tucano que desponta no cenário nacional, o governador eleito do Paraná, Beto Richa, se dedicará à tarefa de administrar o Estado.
Para evitar uma crise no calor da eleição, a escolha do novo presidente do PSDB foi adiada em seis meses, de novembro para maio de 2011. Além da chamada despaulistanização, o partido discutirá a reconstrução da imagem.
A estratégia de Aécio rumo ao Palácio do Planalto está traçada: ampliar o leque de aliados e se tornar nacionalmente conhecido.
A caminhada de Aécio esbarrará na supremacia governista no Congresso. Dilma terá uma maioria avassaladora na Câmara e no Senado.

DEM-PMDB
Debilitada no Congresso, a oposição vai governar Estados que somam 52,5% do eleitorado brasileiro.
No PSDB, no PPS e no DEM, o maior medo é que o governo flexibilize a fidelidade partidária para incorporar à base parlamentares eleitos pela oposição. Integrantes do DEM - o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, entre eles - flertam com uma adesão ao PMDB.
"O governo vai abrir mais uma janela para aniquiliar a oposição. A situação do país é muito preocupante", alarma-se o ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC).
Tucanos e democratas avaliam que, agora, para resistir e se tornar viável politicamente em 2014, a oposição terá que se desencastelar e buscar a todo momento respaldo da opinião pública.
Para isso, entra na pauta de prioridades um contato mais estreito com entidades representativas da sociedade civil, como OAB e CNBB.
É consenso que o papel desempenhado por PSDB e DEM, principais pilares oposicionistas nos últimos quatro anos, terá que ser revisto.
Os partidos, a despeito de vitórias pontuais em votações no Congresso, assistiram a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo ascender a níveis recordes.
"A oposição tem que ser mais afirmativa e sem concessões", defende o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), remanescente da dizimada ala radical da oposição, que perdeu, nas urnas, nomes como Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Arthur Virgílio (PSDB-AM).


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