São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Projeto Dilma decolou com pré-sal e PAC

Marco zero da candidatura foi no dia 8 de novembro de 2007, quando Lula delegou a ela anuncio sobre petróleo

Petista saiu prostrada do 1º turno, quando vitória que parecia certa escapou; estratégia então repetiu a de 2006

ANA FLOR
DE SÃO PAULO

PLÍNIO FRAGA
DO RIO

Dilma Rousseff tornou-se na prática a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão no dia 8 de novembro de 2007, relatam seus assessores.
O presidente, então com 11 meses de seu segundo mandato, decidiu que caberia a Dilma, ministra da Casa Civil, anunciar e capitalizar politicamente a confirmação da descoberta do campo de Tupi - até então o maior do chamado pré-sal, capaz de colocar o Brasil entre os quatro maiores produtores de petróleo do mundo.
"A descoberta de grande reserva de petróleo e gás na bacia de Santos eleva o Brasil para a elite mundial dos produtores", disse Dilma no auditório da Petrobras, sem Lula. Antes, ela conversara com o marqueteiro João Santana. A ideia parecia desastrosa.
Um mês depois, pesquisa Datafolha mostrava Serra com 37% e Dilma com 2%. O nome governista mais bem posicionado era Ciro Gomes (PSB), com 19%.
Reservadamente, Lula dizia que Dilma tinha futuro político. Colocou sob sua gerência o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para que tivesse visibilidade.
Em 7 de março de 2008, o presidente apresentou sua ungida como "mãe do PAC" em cerimônia de início das obras no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, epíteto que ecoaria durante toda a campanha: No final daquele ano, o Datafolha mostrava Serra com 41%, Ciro com 15% e Heloísa Helena (PSOL) com 14%. Dilma pontuava apenas 8%.

ALOPRADOS
Aos poucos, Dilma teve sua imagem remodelada.
Houve mudanças estéticas (saíram os óculos e surgiu o topete à la Carolina Herrera) e, principalmente, o reforço ao discurso de que os programas gerenciados pela petista tinham tido impacto social. A organização da campanha de Dilma começara mal.
Em abril a formação de uma "equipe especial de investigações"" resultou na eclosão do escândalo da quebra de sigilos fiscais e bancários de familiares e aliados de Serra.
Mais adiante, acusações de corrupção nos Correios e na Casa Civil deixaram a candidata na defensiva, provocando perda de eleitores nos setores bem informados.
A duas semanas da eleição, uma reportagem da Folha sobre o esquema na Casa Civil derrubou a sucessora e principal assessora de Dilma no governo, Erenice Guerra.
No dia 3 de outubro, a sangria provocada pelos escândalos -aliada a uma ofensiva que propagava a mudança de posição de Dilma em relação ao aborto e espalhava boatos sobre sua religiosidade- levou a disputa ao segundo turno.

ABATIMENTO
Dilma saiu prostrada do primeiro turno, apesar dos 47 milhões de votos. Além do cansaço físico, o inesperado confronto parecia duro e de resultado imprevisível.
A estratégia para o segundo turno foi tentar mostrar que a petista não era um produto do marketing. O uso da imagem de Lula, que sumira na reta final para não "ofuscar" a candidata, ganhou corpo, mas de forma dosada.
Dilma também passou a aparecer mais "assertiva", na expressão petista, no limite da agressividade. O comando de campanha foi buscar na fórmula de 2006 a alavanca para Dilma: colocar a pecha de privatista no candidato do PSDB.
Antes que fosse acuada pelo adversário, partiu para o ataque com críticas a Serra, abrindo o confronto antes que tivesse de respondê-lo.
Intensificou as carreatas e caminhadas. Ministros e assessores próximos de Lula tiraram férias para reforçar a campanha, que priorizou o Sudeste, onde a disputa com Serra estava mais acirrada.
Em duas semanas, a estratégia pareceu dar resultado, e a liderança nas pesquisas tranquilizou os petistas. A partir daí, era não errar e administrar a vantagem.


Colaborou KENNEDY ALENCAR , de Brasília


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