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Projeto Dilma decolou com pré-sal e PAC
Marco zero da candidatura foi no dia 8 de novembro de 2007, quando Lula delegou a ela anuncio sobre petróleo
Petista saiu prostrada do 1º turno, quando vitória que parecia certa escapou; estratégia então repetiu a de 2006
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
PLÍNIO FRAGA
DO RIO
Dilma Rousseff tornou-se
na prática a candidata do
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva à sua sucessão no
dia 8 de novembro de 2007,
relatam seus assessores.
O presidente, então com 11
meses de seu segundo mandato, decidiu que caberia a
Dilma, ministra da Casa Civil, anunciar e capitalizar politicamente a confirmação da
descoberta do campo de Tupi
- até então o maior do chamado pré-sal, capaz de colocar o Brasil entre os quatro
maiores produtores de petróleo do mundo.
"A descoberta de grande
reserva de petróleo e gás na
bacia de Santos eleva o Brasil
para a elite mundial dos produtores", disse Dilma no auditório da Petrobras, sem Lula. Antes, ela conversara com
o marqueteiro João Santana.
A ideia parecia desastrosa.
Um mês depois, pesquisa Datafolha mostrava Serra com
37% e Dilma com 2%. O nome governista mais bem posicionado era Ciro Gomes
(PSB), com 19%.
Reservadamente, Lula dizia que Dilma tinha futuro
político. Colocou sob sua gerência o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
para que tivesse visibilidade.
Em 7 de março de 2008, o
presidente apresentou sua
ungida como "mãe do PAC"
em cerimônia de início das
obras no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio,
epíteto que ecoaria durante
toda a campanha:
No final daquele ano, o Datafolha mostrava Serra com
41%, Ciro com 15% e Heloísa
Helena (PSOL) com 14%. Dilma pontuava apenas 8%.
ALOPRADOS
Aos poucos, Dilma teve
sua imagem remodelada.
Houve mudanças estéticas
(saíram os óculos e surgiu o
topete à la Carolina Herrera)
e, principalmente, o reforço
ao discurso de que os programas gerenciados pela petista
tinham tido impacto social.
A organização da campanha de Dilma começara mal.
Em abril a formação de uma
"equipe especial de investigações"" resultou na eclosão
do escândalo da quebra de
sigilos fiscais e bancários de
familiares e aliados de Serra.
Mais adiante, acusações
de corrupção nos Correios e
na Casa Civil deixaram a candidata na defensiva, provocando perda de eleitores nos
setores bem informados.
A duas semanas da eleição, uma reportagem da Folha sobre o esquema na Casa
Civil derrubou a sucessora e
principal assessora de Dilma
no governo, Erenice Guerra.
No dia 3 de outubro, a sangria provocada pelos escândalos -aliada a uma ofensiva que propagava a mudança de posição de Dilma em
relação ao aborto e espalhava boatos sobre sua religiosidade- levou a disputa ao segundo turno.
ABATIMENTO
Dilma saiu prostrada do
primeiro turno, apesar dos 47
milhões de votos. Além do
cansaço físico, o inesperado
confronto parecia duro e de
resultado imprevisível.
A estratégia para o segundo turno foi tentar mostrar
que a petista não era um produto do marketing. O uso da
imagem de Lula, que sumira
na reta final para não "ofuscar" a candidata, ganhou
corpo, mas de forma dosada.
Dilma também passou a
aparecer mais "assertiva",
na expressão petista, no limite da agressividade.
O comando de campanha
foi buscar na fórmula de
2006 a alavanca para Dilma:
colocar a pecha de privatista
no candidato do PSDB.
Antes que fosse acuada
pelo adversário, partiu para o
ataque com críticas a Serra,
abrindo o confronto antes
que tivesse de respondê-lo.
Intensificou as carreatas e
caminhadas. Ministros e assessores próximos de Lula tiraram férias para reforçar a
campanha, que priorizou o
Sudeste, onde a disputa com
Serra estava mais acirrada.
Em duas semanas, a estratégia pareceu dar resultado,
e a liderança nas pesquisas
tranquilizou os petistas. A
partir daí, era não errar e administrar a vantagem.
Colaborou KENNEDY ALENCAR , de Brasília
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