São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2011

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Pacote foi alvo de embate entre Dilma e Mantega

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff terminou a reunião ontem com empresários dando a senha para conter eventuais insatisfações com a política industrial: "Este é só o início da conversa".
De fato, o setor produtivo esperava levar menos do que obteve no programa Brasil Maior. Após meses de preparação, a espinha dorsal do projeto foi redefinida nas últimas 72 horas.
Enquanto os convidados chegavam ontem para o lançamento do pacote, alguns pontos ainda sofriam ajustes. No início da solenidade, um técnico comentou que muita coisa estava sendo feita na hora.
Diante de tantas contas difíceis de fechar e impactos complexos para avaliar, o ministro Guido Mantega (Fazenda) tentou adiar por 15 dias o lançamento do pacote para discutir mais com os setores afetados. A sugestão fez Dilma quase perder a paciência.
Depois de dar um sonoro "não", ainda decidiu colocar mais a mão no bolso. Autorizou o resgate de uma antiga proposta parada no Ministério do Desenvolvimento: a devolução, em dinheiro, de 3% da receita do exportador perdida com pagamento de tributos.

EM SIGILO
Na avaliação de dois ministros, o governo anunciou o Brasil Maior como quem conserta um carro em movimento. Os sinais ficaram aparentes. Após o anúncio, o Executivo foi corrigindo informações oficiais dadas ao longo do dia.
Nas últimas semanas, Dilma ordenou sigilo absoluto do plano. Irritou-se com vazamentos de algumas medidas na imprensa.
Até mesmo fichas com valores e detalhes das propostas foram recolhidos depois de reuniões para evitar que a informação circulasse fora da Esplanada.
Todo esse esforço, porém, gerou efeito colateral. As centrais sindicais, por exemplo, só foram chamadas para discutir a política na véspera do anúncio.
Ainda assim, disseram sair do encontro como entraram: no escuro. Boicotaram o evento.
No Congresso, aliados não foram ouvidos. O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) queixou-se publicamente. Mas emplacou alterações de última hora.
Apesar das turbulências, o Planalto avaliou o anúncio como positivo. Até mesmo a tática do "efeito surpresa" exigido pela presidente foi celebrada como ação bem-sucedida.


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