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ANÁLISE
No final, eleitor assume o papel de protagonista
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A primeira eleição sem Lula candidato. A primeira eleição com um presidente-padrinho com recordes de popularidade. Se o filme desta
eleição, revelado quadro a
quadro pelo Datafolha ao
longo de 2010, teve o petista
como um de seus principais
atores, chega ao epílogo nas
mãos do protagonista soberano: o eleitor.
A pesquisa divulgada hoje
mostra que a petista Dilma
Rousseff acorda no dia da
eleição com 50% dos votos
válidos. Como a margem de
erro do estudo corresponde a
dois pontos percentuais, fica
impossível afirmar com certeza se Lula conseguirá eleger antecipadamente sua sucessora. Tudo indica que, caso haja segundo turno, o adversário será José Serra.
A história repete o roteiro
das últimas duas disputas,
nas quais a corrida chegou
indefinida à reta final e o segundo turno foi desenhado
no dia da eleição.
Para melhor compreensão
do comportamento eleitoral
dos brasileiros, é essencial o
registro do momento exato
em que os movimentos aconteceram e os vetores das variações. A ascensão e queda
de Ciro Gomes em 2002 e os
reflexos da ausência de Lula
no debate em 2006 ilustram a
importância desses recortes.
Na eleição de 2010, José
Serra começou na frente. O
recall do tucano, candidato
mais conhecido por parte do
eleitorado, lhe garantiu a liderança isolada até abril.
Em maio, programas e inserções do PT na TV associaram Dilma a Lula e levaram a
petista ao empate com Serra.
O empate se manteve até o
início de agosto, quando,
após a oficialização das candidaturas e intensificação da
cobertura por parte da mídia,
Dilma passou a liderar.
Entrevista e agenda no
"Jornal Nacional" e, posteriormente, o início do horário
eleitoral gratuito foram fundamentais não só para apresentar a candidata à maioria
dos eleitores como para
transmitir seus atributos de
capacidade técnica.
A partir daí, Dilma disparou e conseguiu penetrar inclusive em segmentos típicos
de eleitores tucanos. Porém,
perdeu apoio que havia conquistado nesses estratos com
as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil.
Ao mesmo tempo, foi minada por um crescimento
contínuo da candidata do
PV, Marina Silva.
Agora, Dilma chega com
chances idênticas de se sagrar a primeira mulher presidente do Brasil, eleita em primeiro turno -algo que nem
Lula conseguiu-, como de
enfrentar nova disputa.
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