São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011

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FOCO

Tratamento é cruel, mas compensa, diz serralheiro que enfrentou doença

Marisa Caduro/Folhapress
José Andrade, 72, no Icesp, onde fez exame para atestar extinção de tumor na laringe

CÍNTIA ACAYABA
DE SÃO PAULO

Eles são homens, ex-fumantes, têm entre 62 e 72 anos, já sentiram muita dor na garganta e tiveram rouquidão. Assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram diagnosticados com câncer na laringe.
Também recearem a doença, sofreram com o tratamento e temeram perder a voz.
O serralheiro José Pedro Andrade, 72, diagnosticado com câncer na laringe em 2010, foi anteontem ao Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) fazer exame que comprovou o desaparecimento do tumor. "Estou feliz, mas ainda um pouco cansado."
Em agosto do ano passado, Andrade sentia dor de garganta e sua voz estava rouca. Bateria de testes constatou que ele tinha um tumor de quatro centímetros, já em nível avançado. Quatro sessões de quimioterapia e 35 de radioterapia foram prescritas.
O serralheiro, que já bebeu e se diz ex-fumante apesar de pitar "um ou dois cigarros", conta que o tratamento, feito pelo SUS, foi doloroso e não "deixa ânimo para nada". "É cruel, mas compensa."
Outros pacientes concordam que o tratamento deixa a pessoa fraca, sem paladar, mas o consideram a melhor opção. "Falaram que com o tratamento eu teria 60% de cura. Optei por ele", diz o administrador Laércio Rinco, 62, diagnosticado com câncer em 2006 e hoje, curado.
Ele combateu o tumor em estágio T3 de uma escala que vai até T4 (o câncer do ex-presidente está em estágio T2).
Durante o processo, não teve vontade de sair da cama, de comer ou trabalhar, mas diz preferi-lo à cirurgia. "Poderia ficar sem voz", afirma.
Hoje, Rinco, morador de Santo André, considera-se um "locutor de FM" e manda um alô com votos de melhoras para o "vizinho", de São Bernardo, Lula.
O aposentado Roberto Pinto, 71, diz ter sido aconselhado a ir aos Estados Unidos para cirurgia, mas agradece por ter ficado no Brasil. "A minha quimioterapia deu tão certo, que o tumor, semelhante ao de Lula, reduziu substancialmente em seis dias", diz Pinto, que inicia a radioterapia.
Para a oncologista Renata Martins, do Icesp, e o radioterapeuta Felipe Erlich, da Rede D'Or, na maioria dos casos, a cirurgia é um procedimento radical que pode prejudicar o órgão e a voz. Cirurgiões de cabeça e pescoço dizem que a cirurgia pode não deixar sequelas, mas faltam especialistas para executá-la.
Para não haver recidiva do câncer, médicos aconselham vida longe do tabaco. O arquiteto Flávio Marcondes, 68, que venceu o câncer há sete anos, confessa que fumava, trocou o cigarro pela cigarrilha e, no diagnóstico, largou o vício, ato comemorado.


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