São Paulo, sábado, 04 de junho de 2011

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Economia esfria depois de crescer 1,3% no 1º trimestre

Investimentos e agropecuária puxam o PIB no 1º tri, mas há sinais de perda de fôlego

Gastos das famílias, que respondem por 60% do PIB, reduziram ritmo de alta, com inflação maior e restrição ao crédito

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO AO RIO

PEDRO SOARES
DO RIO

O PIB (Produto Interno Bruto, ou soma de bens e serviços produzidos no país) mostrou que a economia continuou crescendo em ritmo forte no primeiro trimestre do ano, mas também revelou que há sinais claros de desaceleração no horizonte.
Entre janeiro e março, a expansão econômica do Brasil foi de 1,3%, na comparação com o último trimestre de 2010, somando R$ 939,6 bilhões. Ante o mesmo período de 2010, a alta foi de 4,2%.
Mas o consumo das famílias, que cresce há 30 medições e responde por 60% do PIB, perdeu parte do fôlego.
A inflação em alta que corrói o salário dos trabalhadores desde outubro e as medidas de contenção ao crédito para o consumo, anunciadas pelo governo justamente para frear a alta de preços, são os principais responsáveis por esfriar a economia.
Essa combinação só não derrubou o PIB no primeiro trimestre porque os investimentos cresceram, especialmente na construção civil.
O setor agropecuário também contribuiu: cresceu 3,3% na comparação com o período de outubro a dezembro de 2010.
Sob uma perspectiva de mais longo prazo, a desaceleração da economia já ocorre. Enquanto o PIB cresceu 7,5% em 2010, nos 12 meses encerrados em março subiu 6,2%.
"O consumo das famílias desacelerou, mas é difícil definir a tendência para os investimentos. O PIB continua crescendo, mas em ritmo menor", diz Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esse esfriamento é considerado necessário agora, pois o ritmo da inflação ameaçava estourar o teto da meta (6,5%) do Banco Central para 2011.

INDÚSTRIA JÁ RECUA
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco, as ações do governo para segurar a economia tendem a ganhar força no segundo trimestre. Sinal disso, diz, foi a queda da indústria em abril.
Na opinião de Sérgio Vale, da MB Associados, a indústria será a "grande vilã" do PIB no ano, sofrendo com empréstimos mais caros e inflação alta. Em 2010, a produção industrial cresceu 10,1%.
Para este ano, a MB já baixou sua estimativa de alta de 5,1% para 3,9%.
Algumas consultorias já vinham revisando suas projeções para a expansão da economia neste ano, e hoje apostam em um crescimento ao redor de 4%, taxa captada pela última pesquisa Focus feita pelo BC com economistas de mercado.
Já o ministro Guido Mantega (Fazenda) reafirmou ontem a expectativa de que a economia crescerá 4,5%.
"No segundo trimestre, poderá ficar abaixo de 4,5% anualizado (em 12 meses). No segundo semestre, haverá, provavelmente, alguma aceleração. De modo que a média ficará em torno de 4,5%".
A incógnita é se as medidas de contenção ao crédito e a redução do rendimento por causa da inflação serão atenuados pelo mercado de trabalho, que continua criando empregos.
Para José Francisco de Lima Gonçalves, do banco Fator, a tendência a partir deste segundo trimestre é de que o crescimento do país seja mais equilibrado.


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