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Economia esfria depois de crescer 1,3% no 1º trimestre
Investimentos e agropecuária puxam o PIB no 1º tri, mas há sinais de perda de fôlego
Gastos das famílias, que respondem por 60% do PIB, reduziram ritmo de alta, com inflação maior e restrição ao crédito
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO AO RIO
PEDRO SOARES
DO RIO
O PIB (Produto Interno
Bruto, ou soma de bens e serviços produzidos no país)
mostrou que a economia
continuou crescendo em ritmo forte no primeiro trimestre do ano, mas também revelou que há sinais claros de
desaceleração no horizonte.
Entre janeiro e março, a
expansão econômica do Brasil foi de 1,3%, na comparação com o último trimestre de
2010, somando R$ 939,6 bilhões. Ante o mesmo período
de 2010, a alta foi de 4,2%.
Mas o consumo das famílias, que cresce há 30 medições e responde por 60% do
PIB, perdeu parte do fôlego.
A inflação em alta que corrói o salário dos trabalhadores desde outubro e as medidas de contenção ao crédito
para o consumo, anunciadas
pelo governo justamente para frear a alta de preços, são
os principais responsáveis
por esfriar a economia.
Essa combinação só não
derrubou o PIB no primeiro
trimestre porque os investimentos cresceram, especialmente na construção civil.
O setor agropecuário também contribuiu: cresceu
3,3% na comparação com o
período de outubro a dezembro de 2010.
Sob uma perspectiva de
mais longo prazo, a desaceleração da economia já ocorre.
Enquanto o PIB cresceu 7,5%
em 2010, nos 12 meses encerrados em março subiu 6,2%.
"O consumo das famílias
desacelerou, mas é difícil definir a tendência para os investimentos. O PIB continua
crescendo, mas em ritmo menor", diz Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Esse esfriamento é considerado necessário agora,
pois o ritmo da inflação
ameaçava estourar o teto da
meta (6,5%) do Banco Central para 2011.
INDÚSTRIA JÁ RECUA
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco,
as ações do governo para segurar a economia tendem a
ganhar força no segundo trimestre. Sinal disso, diz, foi a
queda da indústria em abril.
Na opinião de Sérgio Vale,
da MB Associados, a indústria será a "grande vilã" do
PIB no ano, sofrendo com
empréstimos mais caros e inflação alta. Em 2010, a produção industrial cresceu 10,1%.
Para este ano, a MB já baixou sua estimativa de alta de
5,1% para 3,9%.
Algumas consultorias já
vinham revisando suas projeções para a expansão da
economia neste ano, e hoje
apostam em um crescimento
ao redor de 4%, taxa captada
pela última pesquisa Focus
feita pelo BC com economistas de mercado.
Já o ministro Guido Mantega (Fazenda) reafirmou ontem a expectativa de que a
economia crescerá 4,5%.
"No segundo trimestre,
poderá ficar abaixo de 4,5%
anualizado (em 12 meses). No
segundo semestre, haverá,
provavelmente, alguma aceleração. De modo que a média ficará em torno de 4,5%".
A incógnita é se as medidas de contenção ao crédito e
a redução do rendimento por
causa da inflação serão atenuados pelo mercado de trabalho, que continua criando
empregos.
Para José Francisco de Lima Gonçalves, do banco Fator, a tendência a partir deste
segundo trimestre é de que o
crescimento do país seja
mais equilibrado.
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