São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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Entrada de dólares é a 2ª maior desde 1982

Brasil recebeu US$ 15,8 bi em julho; quase metade desse valor entrou no dia 11, após medida do BC contra especulação

Mais US$ 3,7 bi vieram na quarta da semana passada, após anúncio de maior intervenção em contratos cambiais


EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Banco Central registrou em julho a segunda maior entrada de dólares no país desde 1982, principalmente após o anúncio de duas medidas cambiais.
Metade do dinheiro, no entanto, foi direto para o caixa dos bancos -não circulou no mercado. Por isso o movimento teve pouco impacto sobre as cotações, que continuaram caindo por conta da fragilidade da economia americana e da sua moeda.
Para analistas, as medidas do governo federal conseguiram reduzir a especulação com o dólar e evitar uma desvalorização maior. A tendência para os próximos meses, no entanto, é de oscilação no preço da moeda.
Investimentos estrangeiros, exportações e os juros altos devem garantir recursos externos para o país. Um agravamento na crise internacional, entretanto, pode provocar uma reversão nesse movimento, como aconteceu em setembro de 2008.
O Brasil recebeu US$ 15,8 bilhões em julho, diferença entre o que entrou e saiu de moeda estrangeira no país. O valor está atrás apenas do verificado em junho de 2007.
Praticamente metade desse dinheiro entrou no dia 11, primeiro dia útil após o BC determinar redução na especulação cambial dos bancos.
Outros US$ 3,7 bilhões vieram na quarta-feira da semana passada, o mesmo dia em que o Ministério da Fazenda anunciou a maior intervenção estatal no mercado de contratos cambiais.
Os bancos, afetados pelas duas medidas, ficaram com a maior parte do dinheiro que entrou em julho e reduziram as apostas contra o dólar para o menor valor em 14 meses (US$ 6,3 bilhões). As apostas de estrangeiros contra o dólar também caíram.

RISCOS
Para o economista Sidnei Nehme, da corretora NGO, o governo federal demonstrou "sensatez" ao se antecipar à possibilidade de uma inversão no fluxo de recursos externos, o que pode acontecer se a crise se agravar.
No momento, avalia Nehme, "o preço do dólar deve ter comportamento volátil" diante do cenário indefinido fora do país.
Entre janeiro e julho, o Brasil recebeu US$ 55,7 bilhões, 128% a mais que o registrado em todo o ano de 2010, atrás apenas do verificado no mesmo período de 2007 (US$ 63 bilhões).
Na época, o resultado era influenciado por investimentos estrangeiros, dívida e exportações, como hoje.
O BC adquiriu 80% do que entrou no país neste ano e elevou as reservas internacionais do Brasil, que chegaram a US$ 347,6 bilhões.


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