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Partidos exibem festival de contradições em discursos
Veja algumas das incoerências que marcaram primeiro mês de campanha
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO
Antonio Anastasia (PSDB) nunca disputou uma eleição.
Com perfil de gestor, assumiu o governo de Minas Gerais após
a saída de seu "padrinho", Aécio Neves. O ex-governador espera que sua popularidade ajude o seu mais novo afilhado
político a voltar ao cargo.
Dilma Rousseff (PT) nunca disputou uma eleição. Com perfil de gestora, é criticada por adversários pela falta de bagagem política. O presidente Lula espera que sua popularidade
recorde vitamine o desempenho nas urnas da mulher escolhida por ele para sucedê-lo.
Em Minas, o PSDB e o próprio Anastasia valorizam sua condição de novato nas urnas. "Não há rejeição a mim", disse em
julho o candidato, que em outubro tentará bater o peemedebista Hélio Costa, apoiado por Lula.
No plano nacional, a condição de estreante de Dilma é explorada pelos tucanos como um dos principais pontos fracos
da adversária de José Serra (PSDB).
Essa é a apenas uma das várias contradições expostas nos
discursos dos partidos, quase sempre pautadas por conveniências eleitorais.
Assim, o discurso que vale para um candidato estadual não
vale para a eleição presidencial.
Confira algumas das incoerências marcantes no primeiro
mês oficial de campanha.
PELA CULATRA
Na hora de decidir quem seria
vice de Serra, o deputado Indio
da Costa (DEM-RJ) ganhou
pontos por ser um dos
relatores da Lei da Ficha
Limpa. Do mesmo partido de
Indio, o aspirante a deputado
federal Selmo Santos (SP) está
preso desde janeiro no
Cadeião de Pinheiros por
estelionato. Ainda assim,
recebeu legenda do DEM para
se candidatar.O partido
prometeu expulsá-lo depois de
a Folha revelar a história.
PIQUE-ESCONDE
Na sabatina da Folha, Aloizio Mercadante
(PT) vive alfinetando Geraldo Alckmin
(PSDB). Diz o petista que o tucano tem
evitado o confronto. Na corrida
presidencial, é o contrário: o PSDB acusa
o PT de manter Dilma Rousseff na toca -
embora tenha ido ao debate da Band, a
petista já desmarcou outras
participações. Sérgio Guerra, presidente
do PSDB, disse que a tática petista é
"esconder a Dilma e enganar o povo".
JOGO DUPLO
Candidato do PV ao governo do
Rio, Fernando Gabeira diz apoiar
Marina Silva, sua colega de
partido, para a Presidência. No
entanto, precisa da ajuda
financeira dos partidos de sua
coligação, que apoiam José Serra
(PSDB). Esta semana, Gabeira e
Serra posaram para fotos juntos
em São Paulo, a 400 km da
capital fluminense.
A PÉ E DE TREM
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi a
público criticar o trem-bala -projeto que Lula credita
à Dilma. Para Serra, o governo federal poderia usar
os recursos aplicados na obra (estimados em Ra RS
bilhões) na construção de outras ferrovias, rodovias
e em 300 km de metrô em capitais brasileiras. Na
sabatina da Folha, Alckmin mostrou-se a favor da
empreitada. "No que eu puder ajudar como
governador, eu farei", disse.
AMIGO OCULTO
Em público, os tucanos
mineiros Aécio Neves e
Antonio Anastasia juram apoio
ao colega de partido José
Serra. Os três já até
participaram juntos de
atividades de campanha. Mas
são raríssimas as imagem de
Serra em santinhos, panfletos
e adesivos da campanha de
Anatasia ao governo de Minas.
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