São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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Ellroy se define como "megalomaníaco"

Irônico, autor norte-americano afirmou ser "louco por poder" e divertiu o público

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Numa das melhores mesas da Flip, o americano James Ellroy divertiu e emocionou a plateia. Ele se definiu como um "megalomaníaco louco por poder": "Se eu fosse um músico, seria Beethoven e se fosse um líder religioso, seria Deus", disse, com ironia.
Beethoven, aliás, foi um dos tópicos principais da noite. Ellroy diz que venera tanto o compositor que tem inúmeros bustos dele decorando sua casa. "Ele é o maior gênio que o mundo já conheceu. É mais importante para mim do que qualquer escritor."
Ellroy falou do assassinato da mãe, quando ele tinha dez anos, uma tragédia que marcou sua vida para sempre e o fez voltar-se para a literatura policial. "Eu tinha desejo por minha mãe e a odiava ao mesmo tempo (...). Todo o meu trabalho é tentar expressar o horror e a dor que senti com sua perda."
Durante a mesa, mediada pelo jornalista Arthur Dapieve, Ellroy criticou Raymond Chandler ("quando eu era jovem gostava muito, mas depois percebi que era um escritor menor") e se disse fã de Don De Lillo: "Usei "Libra", de De Lillo, como base para meu livro "Tablóide Americano'".
Grande fã de boxe, Ellroy se confessou admirador de Éder Jofre e revelou que não gosta das adaptações de seus livros para o cinema: "Mas dinheiro é um presente que a gente nunca devolve, não é mesmo?".
No fim da mesa, Ellroy perguntou à plateia: "Vocês querem saber por que eu escrevo?". E encerrou recitando um poema de Dylan Thomas, "In My Craft or Sullen Art": "Não para alguém altivo à parte / Da lua irada é que eu escrevo / Os respingados destas páginas".


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