São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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"Na guerra, não são os tiroteios que me interessam", diz Sacco

FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL A PARATY

O quadrinista maltês Joe Sacco, 60, uma das grandes atrações da Flip 2011, disse, no início da tarde de ontem, em Paraty, que seus livros tratam de guerras e conflitos não porque ele se interesse pelas bombas ou tiroteios, mas pela vida dos civis sob essa influência.
"O que me interessa não é o poder de fogo de uma guerra. Isso é muito perigoso para mim. Quero saber sobre a vida dos civis e das pessoas comuns que são as mais afetadas pela violência."
Sacco exibiu no telão da Tenda dos Autores imagens de seus livros e explicou o processo de criação de imagens dos anos 50 retratadas no mais recente lançamento no Brasil, "Notas sobre Gaza" (Companhia das Letras).
Cenas de época foram baseadas em imagens que encontrou nos arquivos das Nações Unidas. "Com uma pesquisa histórica bem-feita, os quadrinhos permitem viajar no tempo. Você pode ir do presente narrativo para o passado em dois quadros."
O autor explicou por que seu pioneirismo no chamado jornalismo em quadrinhos mirou o conflito entre Israel e Palestina. "Como cidadão americano, ficava muito contrariado com o fato de meus impostos financiarem as ocupações israelenses. Além disso, cresci com a presunção de que todo palestino era um terrorista em potencial. Quando vivi na Europa, compreendi que essa história tinha contexto e nuances."
Para ele, desde a primeira Intifada (levante de palestinos contra a ocupação israelense em 1987), o grau de violência na Faixa de Gaza aumentou muito. "Na primeira Intifada, os jovens palestinos eram atiradores de pedras. Na segunda [em 2000], se tornaram homens-bomba."


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