São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Horário eleitoral de Dilma na TV esconde referências ao PT

Programas deixam de lado a estrela, a cor vermelha e depoimentos de lideranças do partido

Partido diz que símbolos sumiram porque candidata representa ampla coligação de dez siglas

RANIER BRAGON
MÁRCIO FALCÃO
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

Ancorada na imagem de um presidente cuja popularidade ronda os 80% de aprovação, Dilma Rousseff abriu mão da imagem do PT e do reforço de figurões petistas.
Nos 22 programas de TV exibidos até a última quinta-feira, petistas só conseguiram aparições-relâmpago, sendo que a estrela vermelha do partido se limita ao minúsculo pingo no "i" do nome da candidata.
As quase quatro horas de propaganda televisiva -haverá mais 16 programas até o dia 30- se concentram na apresentação da candidata, com repetição de dados de sua biografia, em promessas genéricas e na exploração das realizações e da imagem do presidente Lula.
Ministra da Casa Civil e de Minas e Energia no governo Lula, Dilma começou sua carreira política no PDT e só se filiou ao PT em 2001.
A ausência de petistas de peso destoa das campanhas anteriores. Em 2002, o marqueteiro Duda Mendonça iniciou a propaganda de Lula na TV com a imagem de uma sala em que estrelas do partido trabalhavam no programa de governo do candidato.
Entre outros, estavam Aloizio Mercadante, Antonio Palocci, José Dirceu e José Genoino. A estrela do PT e o vermelho tiveram papel relevante, incluindo a imagem de Lula e de uma criança abraçando o símbolo.
Até agora, só o ex-governador Olívio Dutra (RS) falou no programa de Dilma.

LILÁS
Na convenção do partido que oficializou a candidatura de Dilma, em junho, o vermelho foi substituído pelo lilás, em uma estratégia para alavancar o voto feminino.
Diferentemente de anos em que esconder o PT gerou reação, agora não há queixa.
A explicação oficial é que Dilma é candidata de uma frente ampla. "A Dilma não é a candidata do PT à Presidência, mas de uma coligação de dez partidos", diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
De fato, esta é a maior coligação de uma candidatura presidencial do PT -10 partidos contra média de 4 nas cinco eleições anteriores-, mas outros fatores ajudam a explicar o silêncio petista diante do sumiço de seus símbolos da propaganda.
Um deles é, ainda, reflexo do escândalo do mensalão, de 2005, que abalou a imagem do partido e abateu lideranças como o ex-ministro José Dirceu e José Genoino.
Outro é o fato do capital eleitoral de Lula hoje ser muito maior do que o do partido e é o principal motivo para Dilma liderar as pesquisas.
A estratégia é comandada pelo marqueteiro João Santana, o mesmo da campanha de Lula à reeleição, em 2006, quando já reduziu referência ao PT por conta do mensalão.


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