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Fazenda promete controle maior na Receita
Governo diz que criará alerta para acessos a informação sigilosa e consultas suspeitas
MÁRIO SÉRGIO LIMA
THAIS BILENKY
DE BRASÍLIA
Quase três meses após a
abertura de sindicância na
Corregedoria da Receita Federal para apurar os vazamentos de dados fiscais sigilosos do vice-presidente do
PSDB, Eduardo Jorge Caldas
Pereira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem uma série de medidas para aumentar a segurança dessas informações.
Em 12 de junho a Folha revelou que dados fiscais de EJ
circularam entre o "grupo de
inteligência" da campanha
da candidata petista Dilma
Rousseff. No dia 21 do mesmo
mês foi aberta sindicância,
que ainda não foi concluída.
Segundo o Ministério da
Fazenda, as mudanças devem entrar em vigor em até
seis meses. Uma das novidades é a criação de sistemas de
alerta acionados por acessos
fora da rotina a dados sigilosos ou consultas a informações fiscais de "pessoas politicamente expostas".
"Vamos identificar pessoas politicamente expostas,
que são as mais sensíveis de
[sofrer] operação indevida.
Políticos, ministros de Estado, presidente da República,
são pessoas que já estarão
monitoradas. Se houver
acesso às suas declarações
será automaticamente informado", disse Mantega.
Presente à entrevista, o secretário da Receita, Otacílio
Cartaxo, não se pronunciou.
A segurança deve ser estendida a parentes desses políticos. "Caso haja acesso,
tem que ser avisada a chefia
da Receita."
O alerta também ocorrerá
em acessos inusuais. Por
exemplo, uma delegacia que
costumeiramente realiza dez
acessos diários e, em um dia,
registre cem acessos. Ou então acesso a informações de
pessoas que não tenham domicílio naquela jurisdição.
A Receita também pretende punir com maior rigor
acessos imotivados e o compartilhamento de senhas.
Hoje, as punições são leves,
como advertência e suspensão. O governo quer editar
medida provisória para que,
confirmada a irregularidade,
a demissão seja sumária.
O ministro ainda anunciou
a possibilidade de o contribuinte realizar a autoblindagem de dados fiscais. "Isso
significa que esse contribuinte está renunciando a dar um
acesso a um procurador."
"É claro que os auditores,
aqueles que fiscalizam, têm
acesso", disse Mantega.
Acesso a dados por procuração só será feito em cartórios.
"O cartório vai informar digitalmente a Receita que emitiu uma procuração. Vai ser
muito difícil falsificações."
Os dados de Verônica Serra, filha do candidato do
PSDB à Presidência, José Serra, foram acessados a partir
de uma procuração falsa.
O fisco também vai restringir o acesso a dados sigilosos
a servidores autorizados.
No dia 3, Mantega afirmara que vazamentos "sempre
ocorreram" e que não existe
"sistema inviolável".
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