São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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JANIO DE FREITAS

Hostis e aliados


Em relação ao governo Dilma, o bloco do PMDB, se representa alguma coisa, é adesão, e não derrota

ARMOU-SE um bafafá altamente sonoro, com notícias e comentários de "racha entre PT e PMDB", "bloco de partidos comandado pelo PMDB para pressionar Dilma", "primeira derrota do futuro governo", e por aí afora, mas faltou dar sentido a tais afirmações. Ao que parece, porque impossível, mesmo considerada a criatividade comum nesses assuntos.
O PMDB repete a reivindicação de ser reconhecido não só como principal aliado, mas como parte orgânica do futuro governo. Não seria lógico que adotasse uma iniciativa hostil a Dilma Rousseff e ao PT. Se, porém, não tiver aceita sua pretensão, ao menos já é visto como governo em muitos aspectos. Sobretudo pelos demais partidos.
Formar um bloco com o PMDB, como negociam PTB, PR e PP, é a busca de um caminho político que permite, a esses três partidos, recompor-se em situação mais proveitosa, sem fazê-lo sob a pecha de fisiologismo de derrotados eleitorais. Nenhum dos três foi aliado da candidatura Dilma, dividindo-se na campanha entre ela e José Serra. Compor-se com o PMDB será, portanto, antes de tudo mais, integrar-se à base política do futuro governo. E assim, tanto evitar o esmagamento na Câmara sob o peso petista-peemedebista, como, ainda melhor, obter algumas beiradas do governo a título de recompensa pela posição nas casas do Congresso.
PMDB e PT firmaram em princípio, como comunicou o próprio presidente peemedebista, Michel Temer, o acordo para dividir a presidência da Câmara em segmentos de dois anos, um para cada partido. Logo, o bloco não seria, como está dito tantas vezes, para assegurar-se um predomínio numérico sobre o PT que desse aos peemedebistas a presidência da Câmara. Por fim, os outros três, se orientados por suas correntes serristas, buscariam bloco com PSDB e DEM, não com o PMDB.
Ainda apenas possibilidade, o bloco pode inquietar o PT, que tenta ser um pouco mais do que Lula lhe permitiu. Em relação a Dilma e a seu governo, a negociação, se representa alguma coisa, é adesão, e não derrota ou hostilidade. Até por ser tão benéfica ao PMDB uma boa participação no governo quanto, para Dilma Rousseff, será importante contar com o PMDB na Câmara e no Senado.

SILÊNCIO
A aparente decisão de Sérgio Cabral de não indicar candidato a representante do Rio, no ministério de Dilma, resolve problemas do governador e da eleita presidente.
Vem de longe a articulação para fazer ministro da Saúde o ocupante da pasta equivalente no governo fluminense, secretário Sérgio Côrtes. De modo geral, o governo de Sérgio Cabral é bem visto, mas nem algumas iniciativas muito promovidas tiram da Secretaria de Saúde o papel de setor crítico, nem fazem do secretário uma figura menos polêmica.

$$$
Está no projeto de Orçamento de 2011: dotação de R$ 900 milhões para gastos com a Copa no decorrer apenas do próximo ano.
Nada como um país sem necessidades e necessitados. E com a fabricação permanente de mais ou maiores afortunados.
Tira 3% aqui, 10% ali, 5% e 8% acolá -e depois ainda vêm as dotações de 2012, 2013 e 2014.


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