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Dilma pede para Temer evitar blocão
Sem sucesso, vice-presidente eleito convida PT a se juntar ao grupo e solicita fim do "tiroteio" entre os partidos
Líder do governo na Câmara recusou convite e atacou a coalizão, dizendo que ofensiva do PMDB foi "tiro no pé"
MARIA CLARA CABRAL
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A presidente eleita, Dilma
Rousseff (PT), pediu ontem
para que seu vice, Michel Temer (PMDB-SP), abafe o blocão anunciado pelo PMDB.
Após o encontro, Temer
seguiu para reunião na Câmara com os líderes do
PMDB, Henrique Eduardo
Alves (RN), e do governo,
Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Pediu que ambos acabem
com "o tiroteio entre as legendas" e convidou oficialmente o PT a se juntar ao grupo. Em vão.
Vaccarezza não só negou o
convite como atacou o bloco.
A avaliação de petistas é a de
que a ofensiva do PMDB foi
"um tiro no pé" que não vai
surtir efeitos concretos.
O bloco, formado por PR,
PTB, PSC e PP (que anteontem chegou a anunciar que
estava fora da coalizão, para
depois recuar), terá 202 deputados e tem como objetivo
ganhar espaço na composição do governo e força nas
decisões do Congresso.
"Vocês sabem que esse
bloco não existe. Existe apenas uma intenção e apenas
isso já deu problema. O PT
não vai entrar nisso", afirmou Vaccarezza.
A frase é semelhante à do
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, que ontem mostrou
contrariedade ao comentar o
assunto.
"Não aconteceu [a criação
do bloco]. Parecia que ia
acontecer, mas não aconteceu", afirmou o presidente.
"Se as pessoas tentam, de
forma conturbada, mexer na
política, pode não ser muito
bom. Acho que é hora de os
partidos começarem a discutir. Tem 48% de renovação
na Câmara, no Senado.
Quem vai ser presidente da
Câmara, do Senado. O papel
dos partidos é conversar."
O problema citado por
Vaccarezza se refere ao PP,
cujo líder, João Pizzolatti
(SC), fez ressalvas para ingressar no bloco.
"Essa união não significa
nenhum tipo de comprometimento com a eleição da Câmara. O nosso objetivo é apenas fortalecer o espaço dos
partidos. Não tem nenhuma
relação com pedido de cargos, até porque somos da base do governo", afirmou.
Anteontem, após pressão
do Planalto, Pizzolatti chegou a negar que estivesse já
acertado para colocar seu
partido no blocão. Ontem, no
entanto, após encontro com
Henrique Alves e Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), ele mudou de ideia.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo
(PT-SP) também falaram com
líderes da Câmara durante
todo o dia de ontem, com pedidos para que o bloco não
fosse para frente.
E a resposta dos líderes foi
a de que o governo não teria
motivo para se preocupar caso todas as promessas com
relação à montagem de governo fossem atendidas.
A ofensiva do PMDB ocorre porque a sigla tem se sentido preterida no processo de
transição conduzido por Dilma. A sigla também não conseguiu dobrar o PT a respeito
de um possível rodízio na
presidência da Câmara, que
exige o mesmo no Senado.
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