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Polícia desconfia de troca de e-mails no fisco
Analista tributário nega ter usado máquina de servidora suspeita de violar sigilo fiscal
ANDREA MICHAEL
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
Perícia da Polícia Federal
identificou no computador
da funcionária do Serpro
Adeildda dos Santos, envolvida na quebra de sigilo fiscal
de tucanos, uma troca de correspondência em 2007 entre
o analista tributário Julio Cezar Bertoldo e o escritório de
contabilidade Andradas.
Em depoimento à PF,
Adeildda afirmou que Bertoldo a apresentou a três contadores e admitiu que recebia
entre R$ 50 a R$ 200 para
atender pedidos de pesquisas fiscais de contadores.
No e-mail, uma pessoa denominada "JC" diz que "o Nivaldo" tinha pedido dois
CPFs e lista os números. Em
resposta à demanda, Bertoldo teria dito que "vai providenciar a pesquisa" fiscal.
Ao se referir à suposta troca de e-mail com o escritório
Andradas usando o computador de Adeildda, o analista
diz ter estranhado o fato porque "nunca usou a máquina
de Adeildda" para isso: "Não
usei a máquina dela nem tenho e-mail no Hotmail".
Bertoldo admite ter respondido a e-mails de escritórios de contadores da região
do ABC, antes da obrigatoriedade do uso de certificação
digital no sistema do fisco,
para orientá-los sobre documentos necessários para resolver pendências fiscais de
clientes desses escritórios.
"Nunca teve troca de favor
algum nem recebi nada", diz
Bertoldo. Também diz que
"não sabia" que não podia
fornecer orientações a contribuintes por e-mail.
A Folha consultou outros
analistas tributários que informaram ser "normal" trocar e-mails com contadores e
profissionais de escritórios
para fornecer orientações.
Bertoldo deve prestar esclarecimentos à PF hoje e
afirmou que a polícia pode
quebrar seu sigilo telefônico
e fiscal: "Quando houve a
quebra de sigilo detectada
entre os dias 5 e 8 de outubro,
eu inclusive estava em férias.
Não tenho o que temer".
Na sexta, Bertoldo admitiu
conhecer os nomes das pessoas que Adeildda -que foi
afastada da Receita- em seu
depoimento à PF, que faziam
encomendas de pesquisas
fiscais por e-mail. Ela admitiu receber entre R$ 50 e R$
200 por esse serviço.
Mas Bertoldo negou que
teria apresentado essas pessoas à servidora do Serpro. A
Folha não localizou responsáveis do escritório.
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