São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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Divisão de royalties abala relação Dilma-Cabral

Caso presidente sancione nova lei, possibilidade de aliança para 2014 fica enfraquecida

PEDRO SOARES
RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

O encaminhamento das discussões sobre a divisão das receitas do petróleo tem estremecido a relação entre o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e a presidente Dilma Rousseff.
Ontem, após a aprovação pelo Senado de um projeto que diminui a fatia do Rio nos royalties, Cabral manifestou "fé absoluta" de que Dilma vetará qualquer mudança prejudicial ao Estado.
Nos bastidores, porém, ele trabalha com a possibilidade de que Dilma sancione a versão final da nova lei, após sua aprovação na Câmara, o que o levará a recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
É improvável que o peemedebista parta para um rompimento total com a presidente, mas os planos de uma aliança eleitoral em 2014 seriam abalados.
Isolado no plano nacional, Cabral tem conseguido aglutinar todos os atores políticos estaduais na defesa de sua posição sobre os royalties.
Recente reunião com a bancada de deputados do Rio teve representantes de PSDB, DEM e PSOL, oposição no Estado. Todos deram apoio à atuação do governador.
Um dos mais enfáticos aliados de Cabral na tentativa de impedir as mudanças é o senador Lindberg Farias (PT).
Em 2014, porém, Dilma e Lindberg, pré-candidato à sucessão do governador, podem estar em um palanque e Cabral e seu candidato, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, em outro.
Cabral, que já tinha dito que os eleitores do Rio não esqueceriam a "covardia" de quem tirar dinheiro do Estado, ontem citou o êxito eleitoral de Dilma em 2010, dando a entender que ele não se repetiria em 2014 caso ela não vete a mudança nos royalties.
"Eu tenho certeza que a presidente Dilma será coerente com o que ela declarou na campanha [de que manteria o decidido no governo Lula]. Esse tema está acima do fato de ela ter tido mais de 70% dos votos do Estado", afirmou Cabral.
Nos últimos dias, Cabral já havia cobrado que o governo federal não fosse "omisso" na questão.
Reiteradamente, ele elogia a atuação de Lula no tema, em contraste à da presidente.
A perda de receita estimada do Estado em 2012 com a nova lei é de R$ 1,5 bilhão. Até 2020, o Rio calcula uma perda de R$ 20,6 bilhões.



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