|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
PERFIL
Funcionário de carreira, Tombini
"não tem corrente"
SHEILA D'AMORIM
DE BRASÍLIA
Gaúcho de Porto Alegre,
o futuro presidente do
Banco Central é, também,
torcedor do Internacional,
time da presidente eleita,
Dilma Rousseff.
Mais do que essa afinidade, Alexandre Antônio
Tombini, 47, tem uma característica que encantou
Dilma: é firme nas suas posições, mas não é considerado inflexível. Além disso, é definido como uma
pessoa conciliadora e contará com a simpatia do ministro Guido Mantega (Fazenda) e de sua equipe.
Quando interlocutores
de Dilma começaram a
sondar pessoas próximas
sobre o funcionário de carreira do BC, a primeira pergunta era sempre a mesma: ele é desenvolvimentista ou monetarista?
Era uma referência às
duas correntes que rivalizaram durante o governo
Lula na condução da política econômica e foram representadas pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central), respectivamente.
A resposta: "Tombini
não tem corrente", diziam
amigos próximos. A conjuntura determina sua
conduta, pautada por uma
base teórica e prática forte.
Economista pela Universidade de Brasília
(UnB), fez doutorado na
universidade de Illinois
(EUA). Durante sua carreira, transitou por áreas como comércio exterior, supervisão bancária, normas, socorro financeiro a
países, metas de inflação e
cenários econômicos.
Sua gestão, acreditam
técnicos ligados a ele, será
mais participativa.
Ao contrário de Meirelles, que delega atribuições, cobra resultados e
não se envolve tanto diretamente, Tombini deverá
acompanhar mais os detalhes das decisões, e o BC
poderá retomar espaço
perdido no debate econômico na gestão Meirelles.
Em cargos públicos desde 1991, trabalhou com os
últimos quatro presidentes. Foi coordenador da
Secretaria de Política Econômica do Ministério da
Fazenda, assessor especial da Casa Civil e representante do Brasil no FMI.
No BC, passou por três
diretorias. Foi também
consultor da presidência e
o primeiro chefe do Departamento de Estudos Especiais, criado na esteira da
implementação do regime
de metas de inflação no
país, em 1999.
Como diretor, protagonizou momentos polêmicos. Depois de uma sequência de alta dos juros,
o BC realizava, no final de
2005, cortes na taxa.
Tombini e Afonso Beviláqua, então diretor de Política Econômica -tido pelos amigos próximos como
o mais conservador dos
conservadores-, divergiram sobre o ritmo de corte
na taxa de juros e o impacto na economia.
Os ventos tinham mudado e o BC podia ser mais
agressivo defendia Tombini. A discussão esquentou
e os dois quase se agrediram em uma reunião.
Texto Anterior: Análise: Escolha no BC confirma manutenção do rumo Próximo Texto: Renan tenta voltar à cena e critica o aliado PT Índice | Comunicar Erros
|